Doleiro Youssef diz nunca esteve com senador Renan

13/02/2015 08h08

yousseff2Um dos depoimentos sigilosos prestados pelo doleiro Alberto Youssef na Operação Lava Jato indica que o presidente do Congresso, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), foi procurado para facilitar um negócio com papéis do fundo de pensão dos Correios, o Postalis, mas o doleiro não conseguiu acesso ao parlamentar e o negócio não saiu do papel. O doleiro afirmou que “tentou agendar uma reunião”, mas não se encontrou com o senador por “desencontro de agendas”. O depoimento contradiz um ponto importante das informações prestadas à CPI da Petrobras pela contadora de Youssef, Meire Poza. Ela havia dito, em sessão da CPI no Congresso Nacional, que tomara conhecimento de que o doleiro havia se reunido com o senador, por volta de março de 2013, para negociar uma compra, pelo Postalis, de R$ 25 milhões em cotas de um fundo de investimento de interesse do doleiro. Ouvido na época pela Folha, Renan negou a reunião e disse que a chance de que ela tivesse ocorrido era “absolutamente zero”. O doleiro prestou depoimento sigiloso em 15 de outubro passado, mas o documento foi mantido em sigilo na PGR (Procuradoria Geral da República) e no STF (Supremo Tribunal Federal). Nesta quinta-feira (12), por decisão do juiz Sergio Moro, foi anexado aos autos da Operação Lava Jato um total de 63 depoimentos prestados por Youssef e pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. Youssef disse que procurou Renan Calheiros porque pretendia obter um aval político para conseguir convencer o Postalis a comprar cotas do Fundo Máxima, ligado a uma agência de viagens do doleiro. Youssef afirmou que “todo fundo [de pensão] tem seu mando político”. “O declarante [Youssef] tem conhecimento que os fundos de previdência no Brasil como um todo ‘tem um mando político, e que se não fizer a tratativa política, as coisas não fluem da maneira como tem que fluir, talvez não se concretize'”, disse o doleiro, segundo o termo de depoimento prestado à Polícia Federal. Youssef disse que sua procura por Renan fracassou e que o Postalis não adquiriu nenhuma cota do Fundo Máxima, com qual ele pretendia alavancar entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões. Youssef também não teve sucesso ao tentar vender cotas do fundo para Petros, o fundo de pensão da Petrobras, e Funcef, da Caixa Econômica Federal.