Depois de uma reunião de quatro horas, ontem(7) à noite, a bancada do PTB na Câmara, decidiu colocar um pé no freio no processo de fusão com o DEM.

A união estava sendo programada para ocorrer no início de maio. Mas 23 deputados, de uma bancada de 25, e os três senadores da sigla, - sob a liderança do senador Collor, - definiram que era preciso ter mais calma e a participação de todos nos entendimentos. A maioria dos trabalhistas quer cautela e que qualquer decisão fique para o segundo semestre.

- A negociação estava sendo conduzida de cima para baixo. Só participaram dela a presidente, Cristiane Brasil (RJ), e o ex-presidente Benito Gama (BA). Não somos contra a fusão, somos contra o açodamento -- afirmou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).

Os trabalhistas não gostaram pois os cargos de direção já estavam negociados, A presidente seria do PTB, Cristina Brasil, mas o líder na Câmara no DEM, atualmente exercido por Mendonça Filho (PE). A bancada avaliou que era precisa "zerar o jogo" para construir o novo PTB. Muitos deputados argumentaram também que foram eleitos pedindo votos ara a presidente Dilma e que têm compromissos com seus eleitores. A intenção dos articuladores do novo PTB é alinhá-lo à oposição. E que isso poderia gerar uma bancada rachada, com dois líderes informais, o do governo e o da oposição. A legenda já nasceria com uma posição ambígua.

- Estamos juntando o Carlos Lacerda (UDN) com o Getúlio Vargas (PTB) -- ironizou o deputado Ronaldo Nogueira (RS).

Agora pela manhã, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, contrário à fusão, divulgou nota dizendo que "não posso deixar de concordar com o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, quando diz que essa fusão não tem pé nem cabeça". Para o goiano, "é hora do Democratas colher os frutos pela resistência que nos fez a verdadeira oposição ao PT. Representaria o enterro da própria representação da direita na política brasileira.