IMA informa: Marcha negra no Velho Chico não avançou ficou nos 28 km

14/04/2015 10h10

riosaofrancmancEstá marcada para às 10h desta terça-feira (14.04), em Maceió (AL), uma reunião emergencial do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) com diversos órgãos ligados à questão ambiental, para discutir os motivos que provocaram uma mancha escura na calha do rio, entre os municípios de Paulo Afonso (BA) e Delmiro Gouveia (AL). Segundo o tecnico ambientalista Ermi Ferrari do Ima que estará presente a reunião, somente no sábado é que o laboratório do IMA estará anunciando as causas do desastre ambiental acontecido no Velho Chico. Ele disse que no momento não se pode culpar a Chesf(Companhia Hidrelétrica do São Francisco) que é apontada como principal suspeita por uma marcha negra com 28 km de extensão no rio São Francisco. O evento, que já é apontado como um dos maiores danos ambientais já registrados no rio, vem sendo investigado por órgãos ambientais e ainda terá participação do Ministério Público Estadual e Federal, desde sexta-feira (10), quando a água escura surgiu no maior rio do Nordeste. O IMA disse acreditar que a Chesf tenha jogado no rio, em um provável erro de operação, sedimentos acumulados por cerca de 30 anos que estavam em um reservatório --o lago Belvedere, esvaziado no dia 22 de fevereiro para manutenção. O local fica no Complexo Apolônio Sales, que abastece a usina hidrelétrica de Paulo Afonso (BA), e seria a única hipótese possível para justificar, hoje, tamanho dano ambiental. Técnicos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do IMA estão no local desde o fim de semana fazendo estudos mais detalhados sobre a extensão do problema e sua origem e tentando frear o avanço da mancha negra, seguindo uma orientação do diretor-presidente do órgão Gustavo Lopes. "Uma das ideias seria aumentar a vazão do rio, através das comportas, mas isso ocorreria se a mancha não se dissipar. É apenas uma hipótese, porque tudo agora é preliminar. Temos de acompanhar a movimentação da mancha, pois, se ela ficar estática, aumentar a vazão poderia alastrar ainda mais o problema e trazer outros danos", explicou o diretor de Monitoramento e Fiscalização do IMA, Ermi Ferrari. Um sobrevoo feito no início da tarde desta segunda-feira mostrou que ela está praticamente no mesmo lugar desde sábado (11). "A princípio isso é bom, porque ele não vai avançar a barragem de Xingó [em Canindé do São Francisco, Sergipe]. Mas ainda é preciso aguardar para termos certeza de que vai permanecer lá", disse Ferrari.

Tóxico

Ainda não há informações sobre que tipo de material tóxico foi despejado no rio, mas se sabe que, pela grande extensão, é praticamente impossível ter sido causado por uma empresa ou produtor agrícola --não há nenhum de grande porte instalado na região. "O completo de hidrelétricas tem mais de 30 anos. Toda água tem material sólido e, quando chega numa área de barragem, sem movimento, ele decanta e fica feito uma lama no fundo. Então, quando eles abriram as comportas, podem ter liberado esse material no rio, mas somente o laudo confirmar isso", afirmou Ferrari. A companhia federal já foi notificada para apresentar explicações sobre a operação realizada em fevereiro. O fornecimento de água às cidades alagoanas de Delmiro Gouveia e Pariconha, abastecidas pelo rio, está suspenso até segunda ordem. A população está recebendo, emergencialmente, água por meio de carros-pipa. Já a Companhia de Saneamento de Sergipe informou que, até o momento, nenhuma cidade teve o abastecimento afetado pela mancha que surgiu. Uma análise da água já detectou alteração no PH e nos níveis de sódio, condutividade, dureza total, sólidos totais e cloretos. Novos testes estão sendo feitos rotineiramente para saber quando será possível religar o sistema.