Lula vai em busca da paz entre Renan e Dilma

14/05/2015 10h10

fotorenanlulaBrasilia, urgente -O PMDB do presidente Renan Calheiros (AL) é apontado como o fiel da balança para a aprovação da indicação do jurista Luiz Edson Fachin para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), depois da aprovação tranquila na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O comportamento de Renan para apoiar ou não a votação em plenário, na próxima terça-feira, é uma incógnita. Em rota de colisão com a presidente Dilma Rousseff desde que perdeu o Ministério do Turismo e a Transpetro, Renan foi chamado pelo ex-presidente Lula para um encontro nesta quinta-feira em Brasília para tentar reaproximar o aliado do PT. Mais cedo, o presidente do Senado confirmou que a votação pelo Plenário da indicação de Fachin será mesmo na próxima terça-feira, dia 19. - O presidente Lula pediu para me encontrar e vem a Brasília amanhã. Não sei ainda o que é. O presidente Lula gosta de conversar - disse Renan. Em duros recados a Dilma, Renan já avisou que não vai mais indicar ninguém para seu governo, arma que o vice-presidente Michel Temer tem usado para barganhar votos a favor das medidas de ajuste fiscal. Nesta quarta-feira, ele evitou responder a boatos de que o ministro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, aposta em uma votação maciça na aprovação de Fachin, no plenário, para caracterizar uma vitória de Dilma e uma derrota de seu desafeto. - Não vou comentar isso. Qualquer coisa que eu disser vão interpretar como uma posição contra ou a favor. Tenho que seguir minha trilha de coerência na condução da indicação de Fachin até aqui. Não concordei em marcar a votação para hoje ( ontem) e marquei para a próxima terça-feira para que não acontecesse conflito de interesse - disse Renan, ao falar da rejeição da urgência aprovada na CCJ. Há exatos quatro anos, em maio de 2011, quando Dilma enfrentava sua primeira grande crise política que resultou na demissão do então ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, Lula fez uma espécie de intervenção branca no governo. Veio a Brasília e comandou reunião com líderes e presidentes dos partidos aliados, na casa do então presidente do Senado, José Hoje, entretanto, a situação é outra. O próprio Lula está estremecido com Dilma e a critica publicamente pelas medidas do pacote de ajuste fiscal que restringe direito dos trabalhadores. Segundo interlocutores do peemedebista, Lula e Renan podem conversar mais sobre a parceria de PT e PMDB, do que sobre uma trégua para a presidente Dilma no Congresso. Mais cedo, Renan ressaltou que não é nem aliado, nem adversário do governo e que se posiciona pela neutralidade. — As pessoas ora me colocam como aliado e ora como adversário. E ora querem me responsabilizar pela aprovação, e ora querem me responsabilizar pela derrota — disse Renan. Renan entendeu que politicamente era melhor deixar a votação para a semana que vem. Já o governo queria pressionar Renan com o pedido de urgência e antecipar a votação para essa semana. Em casos anteriores, houve votação na CCJ e no Plenário no mesmo dia. Senadores pediram a Renan para antecipar, mas ele não quis. Perguntado se era aliado ou adversário do Planalto, o presidente do Senado sorriu e respondeu: — Eu me coloco firmemente pela neutralidade. Ele repetiu que deixou para a próxima semana a votação de Fachin por conta de quorum. Os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) estão no exterior. Fachin precisa de pelo menos 41 votos para ter sua indicação aprovada. — Marcamos para terça-feira exatamente para desfazer qualquer conotação em relação à condução do presidente. Porque se você improvisa, se você votar a qualquer hora, qualquer dia, vai sempre aparecer alguém que vai dizer: votou hoje para administrar um quorum menor. Ou que votou antecipadamente para utilizar um quorum maior. Como essa questão conflita interesses, é preciso preveni-la desde logo — disse. O relator da indicação de Fachin na CCJ, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), disse que o placar folgado - foram 20 a favor e sete contra - deverá se repetir em Plenário. Na mesma linha, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que Fachin consolidou sua posição. Ele ainda fez uma brincadeira sobre a postura de Renan. — Acredito que o Renan vai votar nele (Fachin) também. E a oposição perdeu a chance de ser altiva — ironizou Humberto Costa.