Prefeitos discutem Pacto Federativo no Congresso Nacional

18/06/2015 12h12

Jorge DantasRenan e Marcelo Belt22

    Prefeitos de todo o Brasil que se reuniram hoje no Senado para uma radiografia da atual situação dos municípios brasileiros e aplaudiram a iniciativa da casa que, segundo o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota, está protagonizando uma nova cena no Brasil quando traz os representantes do povo para discutir a vida nas cidades. Falando em nome dos prefeitos nordestinos, Patriota foi além e chamou atenção para as desigualdades e foi enfático ao dizer que não se pode falar em equilíbrio e ajuste sem antes observar o que acontece no país. Antes da reunião no Senado, o secretário geral da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Jorge Dantas, participou de uma plenária da diretoria da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e logo em seguida de uma reunião com o senador Fernando Bezerra para definir os principais itens a serem apresentados em parceria com a Frente Nacional de Prefeitos. O presidente da AMA, Marcelo Beltrão, que ontem representou a CNM no XXI Conferência Interamericana de Cidades em Miami, também se juntou aos gestores brasileiros para defender ações imediatas que possam salvar os municípios e promover um novo pacto federativo no Brasil. A exemplo de afirmação feita durante a XVIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios os presidentes do Senado, Renan Calheiros e da Câmara, Eduardo Cunha voltaram a o compromisso de ambos com a aprovação de projetos prioritários apontados pelos municípios. A CNM também esteve representada no evento que tratou do Pacto Federativo, pelo seu vice-presidente Glademir Aroldi, diretores e dirigentes de entidades estaduais. Renan reafirmou compromisso com as demandas municipais, prometeu rapidez nos projetos de interesse das prefeituras e aproveitou para lembrar avanços recentes obtidos pelo Parlamento, como a votação da convalidação dos incentivos fiscais, a troca do indexador das dívidas de estados e municípios, o acesso aos depósitos judiciais e administrativos, o compartilhamento dos impostos do comércio eletrônico e a derrubada de vetos ao rateio dos royalties do petróleo. Ele também citou a criação de uma comissão temporária no Senado para acompanhar todas as matérias que dizem respeito às obrigações dos três entes federados. Comissão idêntica foi instituída pela Câmara dos Deputados. “Nossa pauta não é bomba. É do povo brasileiro. Não defendemos a política do quanto pior melhor e não podemos aceitar falsos dilemas” disse. O deputado Eduardo Cunha, por sua vez, defendeu que os municípios não recebam nenhuma nova obrigação sem verbas correspondentes, visto que a União concentra a maior parte dos recursos. Ele citou o caso do aumento do piso do magistério, decidido no momento em que a maioria das administrações municipais não tinha condições de pagá-lo. Para resolver esse problema, Cunha anunciou que pretende votar até o recesso de julho a Proposta de Emenda à Constituição 172/2012, do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que veda a transferência de qualquer encargo ou prestação de serviços aos estados, Distrito Federal ou aos municípios sem a previsão de repasses necessários ao seu custeio.“Nenhuma matéria que esteja na agenda do pacto federativo em tramitação na Câmara deixará de ser votada. Esse é um compromisso que assumimos e é de interesse de todos”, prometeu.

    Reivindicações O presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Márcio Lacerda, que está à frente da Prefeitura de Belo Horizonte, foi o primeiro a se manifestar. Ele destacou que entre 2000 e 2013 a receita das administrações locais cresceu meio ponto percentual, enquanto as despesas subiram 5,8 pontos, criando uma situação de “desequilíbrio insustentável”. Lacerda ainda informou que os gestores municipais se reunirão com o vice-presidente da República, Michel Temer, em busca de apoio do Executivo Federal. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu uma mudança na Constituição para viabilizar o pagamento dos precatórios até 2020, assunto que está sendo negociado na Câmara. Ele disse que governadores e prefeitos aguardam ansiosamente saber como fariam para pagar os precatórios acumulados das últimas décadas. Já o chefe do Executivo do Rio de janeiro, Eduardo Paes (PMDB), pediu a votação o quanto antes do PLC 15/2015, que determina a aplicação do novo indexador da dívida dos estados e municípios com a União a partir de janeiro de 2016. Pela Lei Complementar 148, as dívidas devem ser atualizadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% de juros, ou a Taxa Selic, o que for menor. Porém, o governo não aplica o cálculo, argumentando que é preciso editar norma regulamentadora.    Apoio Os senadores apoiaram as reivindicações dos prefeitos e também apresentaram sugestões. José Serra (PSDB-SP), por exemplo, propôs uma alteração na lei para facilitar o fim da guerra fiscal entre municípios na cobrança de ISS. Além disso, sugeriu uma revisão da lista de serviços, para introduzir novos itens que poderiam ser tributados. Otimista, o senador Fernando Bezerra (PSB-PE), relator da comissão mista que analisa o pacto federativo, garantiu aos participantes que a reunião desta quarta-feira não terá sido em vão.  Já o presidente do colegiado, senador Walter Pinheiro (PT-BA), informou que no dia 8 de setembro a comissão entregará todas as propostas para serem analisadas já em Plenário.     Governadores Este é o segundo encontro realizado no Senado para tratar do pacto federativo, para análise da atual relação entre União, estados e municípios. Em maio, foram recebidos os governadores.