Quando Dilma viaja, temperatura política cai

09/07/2015 09h09

    ter11

Antigamente, quando o mundo era analógico, Fernando Henrique Cardoso cunhou uma expressão que fez sucesso: - A crise viajou! Referia-se ao então presidente da República José Sarney, que sucedera a Tancredo Neves, o presidente eleito que morreu sem tomar posse. O governo de cinco anos de Sarney foi marcado por crises políticas e por uma inflação que bateu a casa dos 80% ao mês. Eu disse: 80% ao mês. Fernando Henrique achava que o país só tinha algum refresco quando Sarney viajava ao exterior. Em um mundo digital, como o de hoje, a expressão “a crise viajou” não faz mais sentido. País e crise estão conectados o tempo todo. Acompanhamos em tempo real o que a presidente faz no exterior. E ela também o que se passa por aqui na sua ausência. Mesmo assim, alguma diferença há entre Dilma estar por perto ou por longe. À distância, é substituída pelo vice Michel Temer (PMDB-SP). E a temperatura política baixa instantaneamente. Dilma viajou à Rússia depois de desafiar seus adversários a tentarem derrubá-la. E de acusar parte da oposição de ser golpista. Desembarcou por lá feliz da vida achando que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) “vestiu a carapuça”. Provocado por jornalistas, Temer preferiu elogiar a oposição. - Devemos pensar no Brasil. A oposição existe também para ajudar a governar, mesmo quando critica. Temos que fazer uma grande unidade nacional, mais do que nunca é necessário o pensamento conjugado dos vários setores da nacionalidade, portanto, dos vários partidos políticos, para que caminhemos juntos em beneficio do Brasil. Não vale a pena levar adiante essas discussões. Dizer que Temer desautorizou o que Dilma disse pode parecer uma tentativa de intrigá-los. Mas pensar que ele o fez não é nenhum absurdo. Temer só cresce na comparação com Dilma. Deve ser por isso que o PT e ministros próximos de Dilma estão muito incomodados.