A difícil missão de vestir a camisa do PT

15/11/2015 13h01
[caption id="attachment_113500" align="aligncenter" width="780"] Depois de petistas, como João Vaccari e José Dirceu, envolverem-se em escândalos de corrupção, lideranças da legenda têm dificuldade de sair em público
Depois de petistas, como João Vaccari e José Dirceu, envolverem-se em escândalos de corrupção, lideranças da legenda têm dificuldade de sair em público[/caption]

Não está fácil ser petista nos dias de hoje. Especialmente depois que estourou o escândalo da Petrobras, integrantes conhecidos da legenda têm sido hostilizados em locais públicos simplesmente por serem do PT. O último episódio foi com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, ofendido em um restaurante da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A ação foi filmada e divulgada por clientes que engrossaram o coro. Antes disso, porém, outros ministros, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), passaram por saias-justas durante compromissos pessoais. Patrus foi abordado por um homem dizendo ser empresário e colocando no “PT ladrão” a culpa por ter de demitir funcionários. Outro homem disse: “fora petista bolivariano, a roubalheira do PT está acabando”. Confrontado pelo secretário-adjunto de Educação, Carlão Pereira (PT), que estava com Patrus, o empresário disse sonegar impostos para não dar dinheiro para o PT. Nervoso, Patrus disse que entraria com um processo e que é “muito mais honesto” que o interlocutor. Outro que foi hostilizado – e duas vezes – foi o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Em maio, quando almoçava em um restaurante em São Paulo, um homem se levantou e bateu o talher em uma taça para pedir atenção. Ele comunicou a todos a “ilustre” presença do ex-ministro do governo Dilma e afirmou que ele “brindou” o país com o Mais Médicos, “um gasto de R$ 1 bilhão que nós todos otários pagamos até hoje”. Mais recentemente, em 2 de outubro, Padilha, agora secretário municipal de Saúde, foi xingado de ladrão, depois de tomar cerveja vestindo uma camisa com o logotipo da prefeitura. EM Alagoas A aversão ao PT não é só em relação ao alto escalão de Brasília. Em Alagoas a revoada tem sido grande, onde em Penedo a desfiliação foi recorde no Brasil até agora com mais de 50 filiados históricos. O deputado estadual com dois mandatos, Ronaldo Medeiros já renunciou o cargo de vice presidente do diretório estadual e procurou pousar em outro ninho até 2018 quando vai em busca de sua segunda reeleição e terceiro mandato consecutivos. A Roseane Beltrão que chegou no PT com ficha abonada pelo Lula e Dilma já partiu para o PMDB, onde deve ser candidata na cidade de Feliz Deserto . 0 ex-prefeito de Maragogi, empresário Marco Madeiras depois de ser prefeito duas vezes pelo PT, seguio o mesmo destino de Beltrão e foi parar no PMDB de Renan Calheiros. A maior referência do PT ex-deputado Judson Cabral, no momento na presidência da Serveal no governo Renan Filho tem sido assediado pelo PDT de Lessa e até mesmo o PMDB. Na recente pesquisa feita pela Paraná a presidente Dilma ficou com 84% de rejeição em Alagoas e tem apenas 1,4% na preferência do seu eleitorado. O deputado federal Paulão PT que levou o empurram para se eleger pela primeira vez do senador Renan Calheiros e do deputado estadual Olavo Calheiros ensaia ser candidato a prefeito de Maceió, mas não decolou. Tem apenas 2,4% da preferência do eleitorado de Maceió. Para o brasilianista e o Professor de Ciência Política da Universidade de Sorbonne, em Paris, Stéphane Monclaire, um dos erros que corrobora com esse sentimento é a defesa feita pelo PT de pessoas que foram denunciadas pela Justiça e condenadas. Para ele, quando o partido que  não expulsa lideranças envolvidas em corrupção, perde a noção da ética. “É preciso se livrar de pessoas que não combinam com a República”, diz.