Os deslizes do “herói”
Tenho dito em diversas ocasiões que admiro a coragem do juiz Sérgio Moro e o seu papel em liderar (não fez nada sozinho) uma equipe de servidores públicos da Magistratura e do Ministério Público que tem mudado a história da corrupção no Brasil. Daí a achar que lhe caberia o titulo de “herói” há uma imensa distância. Em minha opinião paralelo ao seu trabalho que deve ser reconhecido estão alguns deslizes que precisam ser também contabilizados nessa história. Algumas vezes se imaginou “senhor de todos os atos” e extrapolou suas competências. Um exemplo foi a condução coercitiva de Lula, desnecessária, fantasiosa e ilegal para renomados juristas. Para o ato extremo precisaria de uma motivação e esta o ex-presidente não deu. Moro tem dado mostra de que quer derrotar o PT e isto é partidarização (deixa isso com a gente). A exposição de grampos telefônicos e conversas pessoais de não investigados agride a democracia. Moro é um juiz exemplar, tem dado junto com a equipe de juízes e procuradores da Lava Jato uma grande contribuição ao país, mas tudo no cumprimento do dever institucional. Daí a ser herói há um imenso e tortuoso caminho que muitos brasileiros erradamente querem encurtar.