Brasil, um cadáver insepulto

18/02/2017 00h12

A imprensa atribui ao general, Charles de Gaulle, quando presidente da França uma frase que ganhou os jornais do mundo: “O Brasil não é um país sério”. Realmente não há comprovação dessa declaração do estadista francês, que é autor de outras frases como: “Política é um assunto muito sério para se deixar com os políticos”.

Sendo verdadeira ou não a afirmação cabe perfeitamente para se referir ao Brasil de ontem e muito mais de hoje, transformado em uma republiqueta líder em corrupção, cinismo e hipocrisia. Nos causa vergonha viajar por outros países e constar que praticamente não há uma notícia positiva sobre o Brasil. E nossos escândalos já não surpreendem pela frequência e tamanho de suas proporções.

Não podemos nos ofender ao nos depararmos em palestras, congressos e até em conversas no exterior quando as pessoas afirmam que somos o “líder mundial da corrupção”. – já ouvi e me calei. Uma dessas vezes me ocorreu na recepção de um hotel em Buenos Aires. Eu não estava participando da conversa que me pareceu ser entre alguns médicos de várias nacionalidades, que participavam de um evento. Estava muito próximo e tratei de sair discretamente.

Há poucos dias em Brasília encontrava um amigo especialista em Brasil, mesmo não sendo brasileiro, o cientista político David Verge Fleischer, professor emérito da UnB, mestre em Estudos Latino-americanos e doutor em Ciência Política, pela Universidade da Flórida, com pós-doutorado na Universidade do Estado de Nova York e com mais de dez livros escritos sobre a política brasileira. O conheci e tive o privilégio de aprender com ele quando fiz minha pós-graduação em Ciência Política. Nesse encontro lhe fiz uma pergunta: O Brasil tem jeito? E tive sua resposta imediata: “Só se fizer outro”.

Temos hoje um país fragilizado, praticamente um cadáver insepulto e putrefato, com um velório que não tem mais fim, com consequências imprevisíveis. Um país que nós brasileiros construímos com nosso voto equivocado e nossa passividade cívica a tolerar a sua destruição.

Todos sabem que os governos petistas saquearam os cofres públicos, promovendo o maior rombo da história, com um projeto escandaloso de poder, que abrigou as figuras mais excrescentes e juntos com seus aliados destruíram a pátria e aviltaram nossa cidadania.

Não se pode, no entanto, culpar unicamente o Partido dos Trabalhadores pelo caos absoluto instalado. O país se acha carcomido na integralidade de suas instituições. Podres estão os poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) e de quebra a sujeira carrega o Ministério Público, a Polícia Federal, em todas as esferas, federal, estadual e municipal.

Ainda em Brasília tenho outra informação: começou o “desmonte” da Operação Lava Jato. Há um pacto em andamento firmado entre as principais cabeças da República, para livrar suas próprias condenações. Todos sabem de tudo e também os pecados de cada um. Se prosseguisse corria o risco do país “fechar” e isto não pode acontecer.

Seja lá quem disse a famosa frase estava muito certo: este não é um país sério. Bom carnaval a todos.