Voltando às origens?

26/12/2017 16h04

 Em uma convenção esvaziada, o PMDB aprovou a mudança de seu nome para a sigla que era usada em sua fundação, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

A repaginação faz parte de uma estratégia da legenda para amenizar o desgaste sofrido pelos partidos com a crise que se desenrola desde que a Operação Lava Jato atingiu os principais políticos do país. Com a mudança, o partido pretende absorver, ao menos simbolicamente, a história do antigo MDB, criado em 1966 como um movimento de oposição ao regime militar. Integraram aquela sigla nomes como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Mário Covas e Franco Montoro.

O partido começou a ostentar o "P" em seu nome em 1979, por exigência dos militares. Com a redemocratização, a legenda de oposição à ditadura passou a ser uma das principais forças políticas do país. Chegou à Presidência em 1985. Tancredo Neves foi eleito presidente no colégio eleitoral e, com sua morte, tomou posse José Sarney –que anos antes integrara as fileiras pró-regime militar.

Depois de um governo que terminou extremamente impopular, o PMDB amargou fracassos nas disputas nacionais. Ulysses Guimarães disputou a primeira eleição direta depois da ditadura e ficou em sétimo lugar, com menos de 5% dos votos. O partido tentou a Presidência mais uma vez, em 1994, com Orestes Quércia, obtendo um quarto lugar, também com apoio de menos de 5% dos eleitores.

Desde então, o PMDB se especializou em usar suas largas dimensões no Legislativo para exercer poder na sustentação ou na oposição aos presidentes da República. Com deputados e senadores longevos, se notabilizou como um partido de caciques. Além de Sarney, políticos como Michel Temer, Renan Calheiros e Romero Jucá dão as cartas na sigla há anos.

Nas últimas décadas, chegou a ter na Câmara mais de 100 deputados –20% do total de votos do plenário. Revezou-se como principal força da Casa com o PFL, nos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e com o PT, nas gestões Lula e Dilma Rousseff, e foi recompensado com cargos de primeiro escalão. Atualmente, tem as maiores bancadas na Câmara (59 deputados) e no Senado (20 senadores).

Em Alagoas possui em seus quadros, além do senador Renan Calheiros, o governador Renan Filho, três deputados federais e cinco deputados na Assembleia Legislativa.