E o que virá depois?

25/08/2018 00h12

Faltam poucos dias para a eleição que certamente mudará o país, para melhor ou para pior, se é que ainda cabe mais “tragédia” na vida de cada brasileiro.  Nos preparamos para escolher, quem sabe, o menos ruim entre a lista de presidenciáveis que nos estão sendo oferecidos. Tem candidato para todo gosto: o encarcerado por corrupção, o militar tosco, de direita radical, o descompensado emocionalmente, o milionário “novo”, um policial ensandecido, um invasor de propriedades, além de outros com perfis indefinidos, mas nenhum que você posa chamar de “meu presidente”. Todo esse imbróglio eleitoral criado pela crise institucional que se abate sobre o Brasil.

No entanto o prognóstico de uma eleição especialmente marcada pelo descrédito com a política e as instituições ainda não se concretizou, pelo menos nas pesquisas de intenção de votos.

De acordo com um levantamento feito com dados do Datafolha, o volume de pessoas que declaram votar em branco, nulo ou que ainda não decidiram seus votos está dentro da média histórica do período da redemocratização. Isso indica que o nível de abstenções também não deve ficar fora da média dos últimos sete pleitos, segundo o cientista político do Insper Fernando Schüller.

A proporção significativa de eleitores que declaram voto nulo ou branco não é anormal para o período, porque, para os brasileiros, ainda não chegou a hora de conhecer os candidatos a fundo.

Existe hoje uma overdose de informação, uma certa instabilidade política. Então, o eleitor, até para se proteger, acaba adiando o momento de decisão para quando a campanha começa na televisão, explica. A decisão é tomada nas duas semanas finais.

E, no momento da campanha, tudo pode mudar. Se por enquanto o que vale são as redes sociais e a sensação difusa de revolta, depois que a campanha começar, outros fatores começam a ganhar peso, como as alianças partidárias, o tempo de propaganda eleitoral e o dinheiro que o candidato tem à disposição.

E esse é exatamente o cenário que se delineia nesta eleição, segundo o cientista político. Há mais opções de candidatos no cardápio, além de todo um nicho que não tinha representação desde 1989, que são os eleitores conservadores que passaram a se sentir contemplados pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC).

Ainda para o cientista  Fernando Schüller “o fim da era da polarização entre PT e PSDB e a ruptura para um modelo de pulverização, no qual há vários candidatos com propostas diversas, completa os argumentos que mostram que a eleição é menos atípica do que parece”.

Portanto, não é que o número de abstenções vá diminuir nesse ano. O que acontece é que, havendo o potencial de que essa taxa crescesse devido ao sentimento de descrença com as instituições, a proporção deve se manter dentro da média. Resta-nos saber agora é o que virá depois.