A franga
O servilismo bajulatório em uma pessoa tem um objetivo que é através da adulação preservar o cabide dos empregos comissionados numa prefeitura, a vaga de um parente, porque integra a equipe do toma lá da cá, e do "é dando que se recebe", e por isso, capacita-se a dar ou vender "o apoio de seu Francisco", não importa a ética e a postura moral.
Acusaram-me de saudosista, porque defendo a cultura, a tradição, a história e o patrimônio público de uma sociedade que deve preservar o seu passado, porque um povo sem passado, é um povo sem memória, não tem história.
Quando assumi uma cadeira na Academia Alagoana de Letras, prometi lutar pela preservação e desenvolvimento de nossas letras e da cultura do Estado a que pertenço.
Como escritor e historiador tenho esse dever. Não vivo do passado, o passado que vive em mim.
Não é saudosismo, portanto, evocar os valores imateriais e culturais e lembrar as paisagens que enchem os olhos de poesia e amor. A minha crença em Palmeira é forte, porque acredito no seu passado, no seu presente, não obstante, sofrido, sombrio, incerto.
Mas isto se acabará por certo.
Palmeira mesmo maltratada no presente, esquecida por seus atuais governantes, é um um lugar belo sim, bom para se viver e morar.
Saudosista, eu? Sou. E daí? Ninguém será grande se não tiver dentro de si alguma coisa do passado. Na vida, tudo passa. Só não passa o passar do tempo.
Bebemos a vida certamente, gota a gota, e cada instante que passa é uma gota de vida que pinga, que escorre e se dilui nas recordações do passado - e o momento que se esvai? Permanece na lembrança que fica.
Ontem e hoje o sol brilha para todos. E as flores se abrem para todos e as lembranças pode alegrar o presente e despertar confiança no futuro. Corri mundos, lutei. Voltei. Hoje há em minha vida a Palmeira, de ontem e de hoje. Não é saudosismo evocá-la.
Mas, tem gente que pensa o contrário e somente pelo prazer de discordar fica na "cola" da gente grudado como carrapato. Para esse tipo de pessoa, só existe um remédio: carrapaticida.
Vou concluir, lembrando uma paródia do saudoso repentista Antônio do Algodão:
Não se trata de uma zanga
Mas é feio para um galo velho
Ter medo de uma franga.