Fantasmas rondam Brasília

29/08/2019 10h10

(BRASÍLIA) - O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (cujo nome está mais para dançarino de tango) mudou muito rapidamente após sua eleição, impondo a mais fragorosa derrota ao senador alagoano Renan Calheiros. Oportunamente pediu e teve o apoio do Palácio do Planalto, da família Bolsonaro, setores militares, partidos de esquerda e toda a torcida nacional adversária do seu intolerável opositor.

Não demorou e começou já em seus primeiros atos a demonstrar incapacidade para o cargo. Não me surpreendi até porque dias antes de sua eleição eu conversava com dois caciques da política nacional que concordavam: “é despreparado, inculto, aventureiro e não merece confiança. Porém qualquer coisa é melhor para o Senado e para o país que Renan Calheiros”.

A mudança de postura no círculo mais próximo incomodou alguns antes vistos como conselheiros de confiança de Davi.

“Já cumpri este papel [de conselheiro], o ajudei nesta eleição. Agora tenho sido menos procurado e, consequentemente, menos ouvido. Não sou afeito a ficar paparicando o poder”, disse o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues, colega de bancada do mesmo estado.

Os que apoiaram Alcolumbre  reclamam de sua excessiva aproximação com o Palácio do Planalto e também com o MDB.

Já se fala até em encontros secretos com Renan  Calheiros com o objetivo de traze-lo para dentro do governo, o que não é tarefa difícil, pois o cidadão em pauta tem seu preço já anunciado,

Um numeroso grupo de senadores se mostra impaciente com o presidente do Congresso objetivando destravar uma pauta com temas ligados ao Judiciário: pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal e CPI da Lava Toga, que teve um requerimento de criação rejeitado, outro engavetado e um terceiro está em fase de coleta de assinaturas.

 “Queremos sentar com ele, mas ele está adiando. Não dá mais para esperar. Isso está incomodando. Esperamos que haja esta sensibilidade porque já tivemos paciência no primeiro semestre”, afirmou o senador Eduardo Girão (Podemos-CE).

Girão foi um dos principais articuladores dos senadores que se reuniram, no início do ano, para escolher um candidato capaz de enfrentar Renan, então desgastado entre o eleitorado por ser associado à “velha política”.

O maior problema, no entanto é o “fantasma” Renan Calheiros que vem assustando os corredores da presidência do Senado e da residência oficial que abriga Alcolumbre, nas madrugadas de Brasília.