No debate ocorrido ontem, 17, no plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), entre os deputados estaduais Antônio Albuquerque (PTB) e Jó Pereira (MDB), sobre um evento de motociclistas na cidade de Junqueiro, realizado na segunda-feira, 16, deixou transparecer uma pré-disputa eleitoral dos grupos políticos para 2020.

AA levantou a questão sobre uma blitz realizada pela Polícia Militar de Alagoas (PM-AL) - durante o evento - por conta do aparato policial que esteve no local.

"Aquela população estava a comemorar, no passeio com motos, o aniversário de Emancipação Política do Estado. Pasmem! senhor presidente e senhores deputados. Lá no início do segundo horário, recebo a ligação do amigo Leandro informando que chegaram várias viaturas da PM, inclusive, com a presença de helicóptero, não apenas para realização da blitz, mas para impedir o evento. Eu achei aquilo uma atitude lamentável, desproporcional e de grande preocupação. Temos vídeos de registro desse episódio", relatou Albuquerque.

O parlamentar ainda tratou de chamar a operação da PM de "pirotécnica" e viu com estranheza a quantidade de viaturas e policiais, inclusive, com o apoio do helicóptero da Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas (SSP-AL).

"Peço a Assembleia que a gente possa enviar expedientes para que autoridades envolvidas apresentem os resultados dessa operação. Quantas motos roubadas foram presas? Quantas armas apreendidas? O que estava acontecendo em desacordo com o exercício natural da cidadania? Imagine Vossa Excelência que é normal, aos homens públicos, participarem desses eventos quando convidados. Se eu lá estivesse e chegasse várias viaturas para realização dessa blitz ou para impedir o evento, é fato que ia haver, ali, sem dúvidas, um problema. Eu não iria aceitar esse tipo de agressão e não vou", reforçou AA.

Em reposta, a deputada Jó Pereira elogiou a atuação da Polícia militar no evento. Pereira reforçou sua fala explicando que existe uma cooperação e integração de todas essas forças e aparato policial naquela região que engloba os municípios circunvizinhos.

"A atuação da Polícia Militar deve ser sempre observada por nós, parlamentares, e por toda sociedade civil. Gostaria de intensificar minhas considerações positivas acerca da nossa briosa PM. A cidade de junqueiro, em 2017, foi entregue uma Cisp (Centro Integrado de Segurança Pública), no qual aumenta o contingente de viaturas, homens e mulheres. Naquela região, deputado Antônio Albuquerque, talvez, o senhor não saiba, nós temos Cisps nas cidade de Junqueiro, Campo Alegre, Teotônio Vilela e São Sebastião. Então, existe uma cooperação e integração de todas essas forças e aparato policial naquela região".

Ainda em seu aparte, Jó reiterou que acredita na atuação livre e correta da força de Segurança Pública do Estado de Alagoas. A deputada estadual também não acreditou que a atuação da polícia passasse por grupos políticos e que a PM agiu para garantir a ordem pública.

"Quero acreditar que, tendo agido a PM nesse sentido, ela deve ter feito dentro dos limites da legalidade, dentro dos limites da atuação da Polícia Militar, tendo em vista que, tivesse acesso a alguns vídeos da internet que motos empinavam pneus. Ao atuar apenas o contingente do Cisp de Junqueiro, trabalhando para as pessoas da localidade, a PM foi vaiada por alguns participantes da movimentação. Inclusive, quiseram atribuir a atuação da PM a grupos políticos, mas, não acredito que a atuação da polícia passe por grupos políticos. Acredito na atuação livre e correta da força de Segurança Pública do Estado de Alagoas. Gostaria de dizer a Vossa Excelência, ao contrário do que foi dito, que, se lá eu estivesse, eu faria questão que a PM tivesse feito o seu papel: o papel de garantir a ordem pública. É esse o papel da Polícia Militar de Alagoas. É esse o papel da força de Segurança Pública do nosso estado. Se a polícia atuou, eu quero respeitar a atuação. Não me preocupo com  o que aconteceu. A atuação aconteceu de pessoas que estão para garantir a ordem no estado. Que haja dentro da legalidade", respondeu Jó Pereira.

Antônio Albuquerque encerrou a discussão afirmando estranhar quando a deputada Jó Pereira defende ou aplaude uma ação exacerbada contra os seus cidadãos. AA cobrou que a PM aponte o nome da pessoa que denunciou e o que tinha por trás dessa ação policial.

"O que houve na cidade de Junqueiro é lamentável, desproporcional. Senão vejamos quantas armas foram apreendidas? Quantas armas? Nenhum! Não tenho essa informação. Lá havia uma passeio de moto. Mas era também com a presença e participação de grupo políticos. Eu estranho muito que a deputada Jó Pereira possa defender ou aplaudir uma ação exacerbada contra os seus cidadãos. O que aconteceu é desproporcional. Não há de se querer justificar a presença de inúmeras viaturas de todos os Cisps da região, dirigidas para Junqueiro, com essa atitude e deixando desguarnecida outras populações para coroar - de desproporcional - a presença de um helicóptero. Que em voos rasantes, com homens armados, sobrevoava o evento como se ali ocorresse uma baderna ou desordem. Não posso aplaudir que haja um exagero e quantidade excessiva de militares para uma ação, no município, que a gente não saiba porquê. É preciso que a PM traga o nome da pessoa que denunciou e o que tinha por trás dessa ação policial para proibir o evento", concluiu AA.

Por fim, o deputado Galba Novaes (MDB) também pediu explicações para que a PM possa dizer sobre a quantidade de PMs na cidade, incluindo a ida do helicóptero da SSP, além de denunciar que também houve agressões físicas por parte dos policiais.

"Não havia necessidade. Foi desmedida a ação. Não havia necessidade! Qual o fato que ocorreu? Qual a  briga que houve? Qual a arma que foi encontrada? Então, por que essa ação? Queremos saber! Tem que ter uma explicação. Queremos saber se os veículos apreendidos estavam irregulares ou ilegais. Se não estiverem irregulares, cometerem uma arbitrariedade e uma ilegalidade muito grande na forma de agir no evento", completou Galba Novaes.

Confira toda discussão no vídeo abaixo a partir de 2.06'

Resultado!

O evento era realizado pelo empresário Cicero Leandro Pereira da Silva, o Leandro Silva. Leandro (PPS) foi candidato a prefeito de Junqueiro, em 2016, e perdeu por apenas três (3) votos de diferença.

Ligado ao deputado AA, o empresário quase derrotou o atual prefeito,  Carlos Augusto Lima de Almeida, o Carlos Augusto (MDB), ligado à família Pereira (de Jó). Carlos obteve 6.964 votos (49.51% válidos) e Leandro 6.961 votos (49.49% válidos).

Portanto, no pleito de 2020, o empresário Leandro Silva desponta como um forte candidato contra o atual prefeito Carlos Augusto. Ou seja, devido ao evento de motociclistas no município,  AA e Jó Pereira - ontem na ALE - precederam uma disputa eleitoral à Prefeitura de Junqueiro.

Será?

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