"Repudiar todas que forem contrárias à liberdade e à democracia", diz deputada sobre AI-5
01/11/2019 12h12
Ainda 'ecoa' negativamente a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao afirmar durante uma entrevista para jornalista Leda Nagle que “se a esquerda radicalizar, a resposta pode ser via um novo AI-5”.
Ontem, 31, na sessão da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), o deputado estadual Cabo Bebeto (PSL), fiel aliado do Governo de Jair Bolsonaro e também da família do presidente, saiu em defesa de Eduardo Bolsonaro após ouvir críticas do deputado estadual Davi Maia (DEM) por conta das declarações em relação ao AI-5.
No mesmo instante, a deputada estadual Cibele Moura (PSDB) - ainda que considerada a mais jovem parlamentar do Brasil - se mostrou conhecedora do assunto e respondeu à altura contra o posicionamento Bolsonarista.
"Qualquer reposta do Governo Federal tem que ser dentro da lei. Porque quando se decide entrar na administração pública, quando se decide ser do Executivo, Judiciário ou do Legislativo, a coisa mais importante que devemos fazer e, que vou defender por quanto tempo o alagoano me deixar nesta casa [na Casa de Tavares Bastos], é que a gente siga a Lei; siga o que está na Constituição: que é a Carta Magna que pode resolver todos o problemas do Brasil. Sem constituição, sem democracia, o Brasil vai virar nada mais nada menos que uma Venezuela. A democracia é importante: seja para o governo de direita, seja para o governo de esquerda. A liberdade ela tem que ser prioridade", criticou a parlamentar.
Ainda em aparte, a tucana, discordando da defesa feita pelo Cabo Bebeto em favor de Eduardo Bolsonaro, reagiu contrária às declarações do parlamentar e destacou o respeito à Constituição e na defesa da democracia.
"Tenho que me posicionar contrária às suas declarações. Acredito sim que o presidente e seus familiares poderiam tomar várias medidas. Mas, qualquer defesa, qualquer reação, tem que ser constitucional. Os Poderes têm que respeitar a constitucionalidade. O AI-5 não pode ser admitido. Justamente porque ser tão difícil ser deputada é que defendo a democracia. Mas para que a gente possa defender essas classes, eu defender o jovem, o Davi [Maia] defender a liberdade e Vossa Excelência [Cabo Bebeto] defender o policial, a gente precisa da democracia, do Congresso, da Assembleia e o Brasil precisa de todas Instituições funcionando", completou a deputada estadual.
Por fim, ao falar da imprensa, liberdade de expressão e Governo Liberal, Cibele ressaltou que a sociedade precisa apoiar boas iniciativas, mas repudiar todas contrárias à liberdade e à democracia.
"Se a imprensa está batendo muito. Se a imprensa está com algum mal-estar com o presidente tem varias formas de resolver: tudo dentro da constitucionalidade, tudo dentro da lei. E se o governo se diz tão liberal, e eu já vim aqui [no plenário da ALE] defender algumas vezes, não tem como ser liberal restringindo o principal direito do cidadão que é decidir quem o representa que é a democracia. A gente precisa [sociedade brasileira] apoiar todas as boas iniciativas, seja ela do governo ou não, mas repudiar todas que forem contrárias à liberdade e à democracia. Não é o AI-5 que vai resolver", concluiu Cibele Moura.
O Blog Kléverson Levy, todavia, recomenda leitura sobre O Ato Institucional nº 5, AI-5 do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC). Portanto, encerro esta postagem com a seguinte frase da escritora e cientista política, Maria Celina D'Araujo:
"O AI-5 não só se impunha como um instrumento de intolerância em um momento de intensa polarização ideológica, como referendava uma concepção de modelo econômico em que o crescimento seria feito com "sangue, suor e lágrimas".
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