Em Alagoas a política

03/04/2020 08h08

Já no final da década de 60, chamado pelo meu editor no Diário de São Paulo fui recomendado a voltar a Alagoas, pois minha vida poderia estar correndo perigo. Não foi fácil para mim, pois amava aquela cidade e sabia que minha carreira ali tinha muito futuro, tinha feito muitos amigos e apesar dos meus apenas 21 anos de idade já era acreditado e procurado como jornalista. Não dava para ficar com a turma do famigerado delegado Fleury (DOPS) de olho em mim, era morte certa. Voltei triste, não me despedi dos amigos, coração partido por meu amor por “Sampa” e ainda hoje sou apaixonado.

Ao chegar a Maceió vim direto para o velho Jornal de Alagoas (Diários Associados), comandado então pelo competente jornalista e meu amigo Ricardo Neto, onde ocupei todas as funções hierárquicas da redação chegando a seu editor. Fundei com o extraordinário Noaldo Dantas o semanário Opinião, que bateu recordes de leitores. Também criei com meu inesquecível e querido amigo Pedro Collor o jornal CORREIO DE ALAGOAS, que disputou acirradamente com a sua Gazeta de Alagoas e foi fechado por Fernando Collor, mas só porque o Pedro faleceu abruptamente.

O primeiro político alagoano que conheci foi Guilherme Palmeira, através do amigo comum Manoel Cavalcante (Manduca). Que sorte, pois seria o mais digno homem publico da história política de Alagoas. Fui seu chefe de gabinete na presidência da Assembleia e secretário em seu governo. Andávamos tanto juntos que o brilhante jornalista Arthur Gondim em sua mais lida coluna da imprensa local se referia a mim como “a sombra do Guilherme”. Durante anos essa amizade só cresceu e por ele tenho um amor infindo. É o meu Guru.

Conheci e fui amigo de muitos políticos dignos (naquele tempo havia isso), apenas não citarei nomes para não esquecer algum. Mas também conheci um “magote” de cabras safados (essa espécie tem em profusão).

São 53 anos de jornalismo bem vividos e com muita história para contar. Um dia escreverei todas. Mas o importante é que estou de volta e estou feliz. Aqui é minha trincheira de luta, falando pelos que não podem falar, denunciando quando preciso, elogiando quando merecido. Me aguentem...cheguei!