A candidatura a governador

12/05/2020 08h08

Incentivado pelo então governador Divaldo Suruagy e apoiado pela maioria dos deputados estaduais e lideranças políticas decidiu lançar seu nome como candidato ao governo do estado, em eleições indiretas com escolhas feitas pelo Palácio do Planalto, em plena ditadura. Concorreu com os então deputados federais Geraldo Bulhões e José Alves que se lançaram com o apoio de fortes setores de Brasília, inclusive o general Golbery do Couro e Silva, então o homem mais poderoso do governo militar. Todas as manobras foram feitas para derrotar Guilherme. Pesava contra ele o irmão comunista Vladimir Palmeira e levantaram até histórias de sua juventude e imaginem: até o fato de “gostar de beber”. Fomos para Brasília ele e eu e lá ficamos por quase dois meses em um hotel, desfazendo boatos e acompanhando de perto o final da decisão. Sem dinheiro, fomos “sustentados” pelos deputados Nelson Costa e José Tavares, além do amigo Mendes de Barros. Praticamente todos os dias ele era governador e no mesmo dia deixava de ser. Com muitos amigos na imprensa brasiliense e sob o comando do jornalista Albérico Cordeiro as notícias eram sempre favoráveis. Certo dia nos chega a noticia fatídica “Guilherme não será o escolhido”. De imediato Divaldo Suruagy, decidido ao tudo ou nada, pediu audiência com o presidente Ernesto Geisel e por ele foi recebido. O general presidente tinha muita afeição pelo governador alagoano. Eu fui levado ao médico por complicações intestinais (decorrente do nervosismo) e me restabelecia em reunião com nossa tropa. Pouco se conversava diante da expectativa. De repente toca o aguardado telefonema. Albérico Cordeiro atendeu, era Suruagy. Ficou pálido e desligou com o aspecto entristecido. Todos sem ação, quando ele se aproxima de Guilherme e berra chorando: “É você o governador, porra !”. No outro dia descemos no aeroporto dos Palmares e Guilherme recebido por uma multidão.