O impeachment vai acontecer?

25/05/2020 09h09

(BRASÍLIA) - No dia de ontem (21),  os partidos de esquerda PTPsolPCdoB PCB protocolaram um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. A ação tem o endosso de mais de 400 entidades civis e movimentos populares. "Até agora este é o pedido de impeachment mais amplo, unitário e significativo da oposição de esquerda brasileira", diz o Psol em comunicado enviado para a imprensa.

“Desde 25 de abril o Psol vinha liderando a construção desse pedido de impeachment. Convidamos todas as legendas de oposição a se somarem, além das organizações e movimentos sociais. Agora temos uma iniciativa ampla e forte, que, de fato, representa uma parcela importante da sociedade”, afirma Juliano Medeiros, presidente nacional do partido.

O pedido elenca uma série de ações praticadas por Bolsonaro e questionadas pela oposição, como "a convocação e comparecimento nos atos contra a democracia e pelo fechamento do Congresso e do STF, a interferência nas investigações da Polícia Federal no Rio de Janeiro, a falsificação da assinatura de Sérgio Moro na exoneração de Maurício Valeixo do comando da PF e as declarações durante a reunião ministerial de 22 de abril", dentre outras.

Também estão na argumentação "os discursos de Bolsonaro atentando contra o STF, a convocação de empresários para a 'guerra' contra governadores no meio da pandemia, o bloqueio da compra de respiradores e outros equipamentos de saúde por estados e municípios, o apoio à milícia paramilitar conhecida como 'Acampamento dos 300', a incitação de uma sublevação das Forças Armadas contra a democracia brasileira, além de seus pronunciamentos e atos durante a pandemia que configuram crimes contra a saúde pública".

“É uma longa lista de crimes contra o livre exercício dos poderes constitucionais; dos direitos políticos, individuais e sociais; contra a segurança interna do país e contra a probidade administrativa. Não há mais como justificar a permanência de Bolsonaro no cargo. Ele precisa sair urgentemente”, conclui Medeiros.

O pedido de impeachment, porém não conta com a união de todos os partidos de esquerda, ficando de fora Rede, PSB e PDT, que fazem parte da frente progressista.

Segundo juristas que se pronunciaram sobre o pedido trata-se do mais robusto entre os mais de 30 apresentados até agora. Consultado pela coluna o cientista político Natanael Alencar (UnB) faz a seguinte análise: “No momento dificilmente a Câmara pautará qualquer pedido. As esquerdas desorganizadas apostam na derrubada de Bolsonaro, esquecendo que tem o Mourão no meio do caminho antes de uma nova eleição na qual mais uma vez perderiam “.

Em minha opinião acredito que mesmo diante de tantos desacertos Bolsonaro terminará o seu mandato, com chances de se reeleger, a não ser que o governo com seus novos e temerários aliados descambe para atos de corrupção. Na política brasileira, nos próximos meses tudo poderá acontecer. Inclusive nada.