“The Post” um ode à liberdade de imprensa

25/06/2020 10h10

Nesse confinamento, por conta da pandemia, tenho assistido alguns filmes, entre esses –“The Post - A guerra secretaque reconstitui o momento, em 1971, emque a imprensa americana teve acesso a um conjunto de documentos conhecido como os “Papéis do Pentágono”, um amplo estudo mostrando como sucessivos governos americanos haviam ludibriado a opinião pública para justificar o envolvimento cada vez mais acentuado dos EUA no Vietnã, inclusive falseando dados sobre o progresso militar durante a guerra.

Qualquer jornalista que já tenha sentido o prazer que é noticiar um furo de reportagem vai se emocionar ao assistir. O filme foi produzido por americanos e dirigido pelo premiado Steven Spielberg, mas o enredo tem passagens que lembram muito os tempos atuais e a missão da imprensa de não ter medo de enfrentar os poderosos, nem mesmo um presidente da República.

Nos Estados Unidos (Donald Trump) e aqui no Brasil (Jair Bolsonaro), ambos são declaradamente contra a imprensa.

Imprensa investigativa e verdadeira é o melhor antídoto contra qualquer ameaça à liberdade de expressão e à nova praga que todos os dias desfila por nossas timelines ou chega inconvenientemente por aplicativos de mensagem: as fakenews. O filme tem passagens cheias de emoção como a que dona do jornal, Katharine “Kay” Graham (Meryl Streep) diz ao editor Ben Bradlee (Tom Hanks) e pode nos servir como farol de todos os dias:

– Não acho que acertamos sempre ou que somos perfeitos, mas devemos seguir persistindo.

A irrestrita liberdade de expressão é uma característica das democracias liberais em todo o mundo. Sem liberdade editorial seria difícil o jornalismo cumprir seu papel social de responsabilizar os governantes pelas ações tomadas em cargos eletivos. O filme The Post – A guerra secreta, mostra em detalhes a saga do jornal Washington Post para publicar partes de um memorando que comprovava que o governo dos EUA mentia à opinião pública sobre a iminente derrota na Guerra do Vietnã (1959-1975).

Como resultado, o caso foi parar na Suprema Corte, validando o entendimento de que a liberdade de informação garantida pela primeira emenda da constituição americana valia até para algumas informações sobre estratégias governamentais em tempo de guerra. Venceu a batalha a imprensa contra o poder. No final do filme as palavras do juiz Hugo Black, da Suprema Corte dos Estados Unidos:

“Os pais da pátria deram a imprensa livre a proteção que ela deve ter, para que ela exerça seu papel essencial em nossa democracia. A imprensa deve servir aos governados, não aos governantes”. (Com informações de Jeniffer Gularte -Grupo de Investigação (GDI) da RBS).