A mentira tem pernas curtas

21/03/2021 19h07

Lamentavelmente a ex-futura ministra da Saúde, Ludhmila Hajjar, faltou com a verdade ao anunciar sua “recusa” ao convite de Bolsonaro para ocupar o cargo.

Antes de declarar publicamente que diferenças técnicas colocaram ponto final na possibilidade de se tornar ministra da Saúde, a cientista escreveu um texto ao presidente dizendo estar "pronta" para estar "alinhada 100%" com ele.

Na mensagem, da noite de domingo (14), a cardiologista se defendia de um áudio que circulava e minimizava temas caros ao bolsonarismo, como a resistência ao lockdown e a defesa do uso de cloroquina.

O recado sugeria que, apesar de pensamentos diferentes estava disposta a ser leal ao presidente. E que poderia ser demitida caso não cumprisse sua palavra

A amigos ela disse que a incumbência de assumir a pasta e de ajudar o Brasil a sair do colapso era muito grande e que seria possível fazer isso driblando enfrentamentos.

Ludhmila se encontrou com Bolsonaro na tarde do domingo, por volta das 14h. Na reunião, entre outros assuntos, eles falaram sobre um áudio que circulava com uma voz feminina chamando o presidente de psicopata. A voz foi atribuída à médica.

Orientada a falar a verdade sobre o episódio, ela negou no Palácio do Alvorada que fosse a autora da declaração.

Depois que saiu da reunião, que tinha sido inconclusiva, já de noite, Bolsonaro avisou a colegas da médica que sua suposta "inteligência", seus assistentes, tinham analisado e concluído que o áudio seria, sim, de Ludhmila, o que abalava a confiança nela, dando a entender que a nomeação seria inviável. Não era ainda uma decisão tomada.

Além do áudio, a repercussão entre eleitores já era muito ruim a essa altura.

Bolsonaro admitia a aliados que a pressão da base estava muito grande e que estava tomando muita pancada.

Políticos e autoridades tentaram agir. Eles tentavam convencer o chefe do Executivo de que ela era o melhor nome para a função. Enquanto isso, parlamentares bolsonaristas silenciavam.

Ela contava com o apoio de vários políticos, como Fábio Faria (Comunicações) e Arthur Lira (PP-AL).

Ao responder sobre o que deu errado, ela citou "falta de linhas de convergência".

"Acho que o presidente ficou muito preocupado de a minha gestão não agradar alguns grupos ao mesmo tempo de eu sofrer muitos ataques de outros por, realmente, pensar um pouco diferente de algumas linhas", disse.

médica declarou  que foi alvo de ameaças e que teriam tentado invadir o local em que estava hospedada em Brasília. O hotel negou.

A doutora mentiu e Bolsonaro acertou. (Com informações da Folha de São Paulo).