CPI do Covid. Pronta para atacar

24/04/2021 07h07

Está definido, a cúpula da CPI da Covid quer traçar uma linha do tempo e iniciar os trabalhos esquadrinhando as razões que levaram à queda dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.

O objetivo é entender, por exemplo, se houve e como se deu a pressão do presidente Jair Bolsonaro para que o governo defendesse, no tratamento contra a Covid-19, o uso da hidroxicloroquina —medicamento sem eficácia comprovada contra a doença.

A estratégia tem sido discutida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), indicado como presidente da comissão, com Renan Calheiros (MDB-AL), que deve ser o relator.

Enquanto isso, parlamentares já conversam nos bastidores sobre as primeiras ações do colegiado.

As oitivas iniciais podem servir para municiar uma linha de investigação de membros da oposição e dos independentes. Esse grupo quer, logo nas primeiras semanas, tentar comprovar que o Planalto agiu de maneira deliberada em busca da denominada “imunidade de rebanho”, na contramão da orientação de especialistas na área.

A ideia dos parlamentares críticos ao governo é mapear logo no começo as ações do Executivo na aquisição de remédios para tratamento precoce, como a hidroxicloroquina, para verificar quanto de dinheiro público foi usado na compra de medicamentos sem eficácia comprovada.

A presença de Renan Calheiros na CPI da Covid passou a representar um terror na vida do presidente Bolsonaro, como relator então virou uma tragédia anunciada, na análise de alguns dos inquilinos do Palácio do Planalto. E não é para menos. O senador alagoano é um exímio profissional da política, talvez o melhor em campo, hoje em dia. Antes de ser confirmado na relatoria, ele já sinalizou que Jair Bolsonaro não terá vida fácil na CPI. Em entrevista ao jornal O Globo publicada no sábado (17), fez duras críticas à forma com que o presidente agiu (e deixou de agir) na pandemia. E disse nunca ter visto um ministro tão medíocre quanto Eduardo Pazuello.

Mesmo que alguns acreditem que não, será Renan Calheiros quem vai dar o tom e o compasso da CPI, por sua experiência, liderança e saber fazer acontecer as coisas dentro do Congresso. Com a confirmação de seu nome para a relatoria é o começo do inferno astral do clã dos Bolsonaros.