Sidney Poitier, primeiro negro a vencer o Oscar de Melhor Ator, morre aos 94 anos

07/01/2022 15h03

Morreu o ator estadunidense Sidney Poitier, aos 94 anos. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (7) por Fred Mitchell, ministro das Relações Exteriores das Bahamas, país de origem de Poitier. A causa da morte não foi revelada.

[caption id="attachment_597209" align="aligncenter" width="433"] Reprodução / G1[/caption]

Poitier foi o primeiro ator negro a ganhar um Oscar, o principal troféu de cinema do mundo. O ator recebeu o prêmio, na categoria de melhor ator, por "Uma Voz nas Sombras", em 1963. Isso só se repetiu 38 anos depois, com Denzel Washignton levando a estatueta por "Dia de treinamento". Coincidentemente, foi o mesmo dia em que Poitier recebeu o Oscar pelo conjunto da obra.

[caption id="attachment_597216" align="aligncenter" width="317"] Reprodução / RTE[/caption]

O astro da Era de Ouro de Hollywood era conhecido por filmes como "Adivinha quem vem para o jantar", "No Calor da Noite""Uma voz nas sombras" e Ao Mestre com Carinho”.

Sidney tinha dupla cidadania já que nasceu inesperadamente em Miami durante uma visita dos pais aos Estados Unidos. Ele cresceu nas Bahamas, mas mudou-se para o Estados Unidos aos 15 anos. Seu primeiro filme foi "No way out" em 1950, e o primeiro protagonista veio em 1955 em "Sementes da violência".

Em 1959, com "Acorrentados" (1958), recebeu sua primeira indicação ao Oscar de melhor ator. Foi a primeira vez de um negro indicado na categoria.

Poitier chegou a receber duas indicações ao Emmy de melhor de telefilme na década de 1990: uma delas por interpretar Nelson Mandela, no filme para TV “Mandela and the Klerk” (1997).  Ao longo da sua carreira destacam-se também dois Globos de Ouro e um Bafta. Ao todo, ele recebeu 27 prêmios na carreira e mais de 40 indicações.

A ascensão de Sidney Poitier coincidiu com o avanço do movimento pelos direitos civis nos EUA nos anos 1960 e seus papéis, como pontuou o "New York Times", refletiam os objetivos pacifistas e integracionistas dos movimentos.

 

“É uma escolha clara”, disse Poitier sobre os papéis que aceitava, numa entrevista concedida em 1967. “Se a estrutura da sociedade fosse diferente, eu gritaria aos céus para bancar o vilão e lidar com diferentes imagens da vida do negro que seriam mais dimensionais. Mas eu serei amaldiçoado se eu fizer isso nesta etapa do jogo”.

 

O ator chegou a ser um dos cinco mais bem-pagos de Hollywood na época, porém, nunca era escalado para par românticos.

 

“Pensar no homem negro americano em circunstâncias sócio-sexuais românticas é difícil, você sabe”, disse ele em outra ocasião. “E as razões disso são muitas.”

 

Sua última aparição no Oscar foi em 2014, quando apresentou o prêmio de Melhor Diretor ao lado da atriz Angelina Jolie. Na ocasião, o ator foi ovacionado de pé pelos presentes.

Além de seu trabalho nos cinemas, Poitier também foi um grande ativista pelos direitos civis, recebendo por sua constante atuação na causa a Medalha Presidencial da Liberdade pelo presidente Obama, em 2009.

Além disso, também foi Embaixador das Bahamas no Japão entre os anos de 1997 e 2007. Poitier foi casado por 45 anos com Joanna Shimkus, sua segunda mulher, com quem teve seis filhos. Entre elas, a atriz americana Sydney Tamiia Poitier.