Reconhecimento da importância do MST x Desaprovação das invasões de áreas produtivas

19/04/2023 19h07 - Atualizado em 19/04/2023 21h09
Reconhecimento da importância do MST x Desaprovação das invasões de áreas produtivas

Nos últimos dias, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou a Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária – o Abril Vermelho. Eles ocuparam várias propriedades rurais, sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e áreas da Embrapa pelo país causando uma série de transtornos.

Reitero meu total repúdio as invasões do MST as área produtivas sob a alegação de que não cumprem a sua função social. Classifico estes movimentos que ocupam terras privadas como terroristas. Vale lembrar que o ex-presidente Bolsonaro está pagando por ter apoiado e insuflado atos antidemocráticos, que são considerados atos de terror.

Registro também que pondero que foi um erro estratégico do governo levar o líder do MST, João Pedro Stédile como componente da missão China, pois percebemos que ele não está apenas considerando ou planejando as invasões, mas sim que efetivamente e de forma coordenada iniciou os preparativos para realizá-las, o que torna sua conduta imediatamente passível de punição nos termos do Código Penal, pois as invasões de fato ocorreram.

O governo Federal tem que focar nos movimentos do campo que deram certo. Cito alguns bons exemplos como, a Cooperoeste, localizada em São Miguel do Oeste, a maior bacia leiteira de Santa Catarina. A cooperativa possui mais de 26 anos de história e industrializa em torno de 550 mil litros de leite por dia, tornando-se uma das maiores indústrias de laticínios do Estado. Além da Agropecuária Coapar de Andradina, em São Paulo, fundada há mais de 20 anos com matéria prima vinda agricultura familiar e a própria Feira Camponesa aqui em Alagoas.

Atualmente, o MST possui cerca de 450 mil famílias assentadas pelo Brasil e produziu, nos últimos anos, uma diversidade de produtos orgânicos em cooperativas espalhadas por todo o país. O arroz orgânico se tornou o carro-chefe do movimento. De acordo com o Instituto Riograndense do Arroz (Irga), o MST é o maior produtor de arroz agroecológico da América Latina. A Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA) registra, mensalmente, uma produção de 40 toneladas de açúcar mascavo, oito toneladas de melado de cana e 15 mil litros de cachaça por ano. A cooperativa Monte Vêneto ligada MST conquistou a Medalha de Ouro no 1º Concurso Melhores Sucos da Wine South America — Feira Internacional do Vinho, em Bento Gonçalves. Além de suco de uva e arroz, o Movimento oferece ainda outros tipos de produtos, como farinha, batata, mandioca, tomate, cenoura, salada, café, leite e queijo, todos disponíveis no Armazém do Campo.

Por outro lado temos que aqui registrar que o agronegócio no Brasil é responsável por 26,6% do PIB nacional, movimentando quase 2 trilhões de reais, 68% por conta da agricultura e 32% por conta da pecuária. Em termos de valor de safra colhida, a soja é a grande líder, movimentando 169,1 bilhões de reais. Já no peso da colheita, quem está à frente é a cana-de-açúcar, com mais de 650 milhões de toneladas por ano. Somos o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos, e o segundo maior exportador agro, perdendo somente para os americanos. Em relação ao mercado externo, o agronegócio foi responsável por 48% das nossas exportações, irrigando nossa economia com capital externo, em um superávit de 87 bilhões de dólares.

Grande parte da sociedade, na qual eu me incluo, espera que haja respeito e garantia a propriedade privada para que ela continue cumprindo sua função social e que o governo federal trate de pacificar a questão do MST “versus” agronegócio, pois com planejamento e respeito a constituição podemos harmonizar o nosso País.