Servilismo político: Câmara afasta vereadora do cargo por ‘questões políticas’ e denúncias contra gestão municipal

02/08/2023 09h09
Servilismo político: Câmara afasta vereadora do cargo por ‘questões políticas’ e denúncias contra gestão municipal
Foto: Instagram

Numa jogada política para silenciar a vereadora Maria José Alves de Ananias, a Bya Alves (PSD), de exercer suas funções no legislativo jequiaense, a Câmara de Jequiá da Praia afastou a edil pelo período de dois meses e a deixou sem receber salários durante o período.

Os vereadores Domício Júnior (PSD), Manoel Carvalho (PL), Marcela Felizardo (PP), Cialex Azarias (PL) e Salomão Barbosa (Republicanos), como forma de retaliação às denúncias que a vereadora tem feito contra gestão do prefeito de Jequiá da Praia, Felipe Jatobá (PP), votaram a favor do afastamento da colega de parlamento.

Por questões políticas, que fique claro, os nobres edis atropelaram até o Regimento da Casa e não usaram questões regimentais, a exemplo de uma Comissão de Ética, para analisar e julgar os atos da vereadora. Foi um verdadeiro escarcéu de erros, em forma de ‘atropelo jurídico e constitucional’, nunca visto em qualquer casa legislativa.

Transformaram, de fato, a Casa “considerada do Povo” no verdadeiro puxadinho do Poder Executivo, respeitando o que decide o prefeito e a mando do gestor que queria a vereadora bem longe e distante de incomodar sua administração na cidade.

Por outro lado, não é de hoje que a Câmara de Vereadores de Jequiá da Praia tem tomado medidas que estão sendo contrárias e opostas às leis vigentes, como também, maculado a imagem perante a sociedade.

Os atos dos vereadores de situação, em troca de cargos e espaços no Executivo, se tornaram uma sequência de decisões suspeitas que devem ser levadas para que a Justiça analise o que é constitucional e inconstitucional.

“É importante destacar que a abertura do referido processo, se deu em razão da minha posição de fiscalização frente aos desmandos da atual gestão, notadamente do Prefeito Municipal. Fui perseguida e afastada das minhas funções de forma arbitrária, desleal e desmedida, ferindo de forma letal os princípios da defesa. Diante de tal ilegalidade, já acionei meus advogados para que desfaçam essa injustiça no Poder Judiciário. Continuarei firme em minhas posições, defendendo o povo de Jequiá da Praia contra qualquer desmando e malversação da verba pública, e estarei sempre alerta nas trincheiras da oposição”, escreveu Bya Alves em suas redes sociais.

Portanto, é cada vez mais público que há uma grande troca de favor entre Executivo e Legislativo, afinal, os vereadores que apoiam o prefeito Felipe Jatobá detêm de cargos, regalias e benefícios que são oferecidos na gestão local em troca de apoio na Câmara Municipal.

Repito: basta uma fiscalização nas contas públicas do município para encontrar surpresas e onde estão os investimentos públicos. O real apanágio político entre Poderes (Câmara x Prefeitura) como ato em benefício que se concede a um certo grupo em detrimento dos demais.

O prefeito manda e ordena. Os vereadores fazem. Daí, os acordos que só beneficiam eles próprios e o grupo que está no comando do Executivo e Legislativo. É uma verdadeira troca de amor, amizade, cargos, salários e vantagens em detrimento da população.

Maria José Alves de Ananias, a Bya Alves (PSD) / Foto: Câmara de Jequiá da Praia

As perguntas que ficam são: a vereadora era concursada, se afastou das funções para entrar no legislativo, mas continuou recebendo o salário por mais de cinco anos. Por que só agora que resolveram punir?

Por que só depois que ela se tornou oposição estão expondo o que deveria ser cobrado muito antes?
Por que a Secretaria Municipal de Administração deixou Bya Alves recebendo salário, como funcionária da Prefeitura, mesmo sabendo que ela era vereadora?
Por quê?
Afinal, a vereadora Marcela Felizardo (PP) – que também recebia proventos do Executivo sem trabalhar – foi agraciada pelos “amigos” vereadores e não recebeu a mesma punição que a colega vereadora Bya Alves? Cadê o resultado ou a investigação contra Felizardo?

Lembrando: Marcela está como vereadora desde 2021 e, até meados de 2022, a edil recebia salários de 20hrs semanais para exercer o cargo de professora concursada no município. Mas, sequer, a vereadora-professora atuava na área, já que – também – estava trabalhando como dentista.

Leia + Aqui: ‘Fantasma’: vereadora que assinou CEE para investigar colega também recebia salários sem trabalhar

Por fim, Pau que dá em Chico não dá em Francisco? É preciso explicar muito mais que acordos, vantagens, proteção e punição diferenciada para casos parecidos na política jequiense. O servilismo político existente em Jequiá da Praia é um escárnio.

É isto!

E viva a política dos políticos em Alagoas!

#VidaQueSegue