O legado de Clóvis Antunes

03/06/2024 03h03
O legado de Clóvis Antunes

Nos caminhos sinuosos da vida, algumas figuras deixam marcas tão profundas que se tornam eternas, mesmo após a sua partida. Foi o caso do professor Clóvis Antunes Carneiro de Albuquerque, que nos deixou em 8 de maio, aos 93 anos. Ele não era apenas um homem de conhecimento, mas um verdadeiro defensor da cultura indígena, especialmente das comunidades de Alagoas.

Nascido em 4 de julho de 1930, em Jaboatão, Pernambuco, Clóvis trilhou uma trajetória de dedicação incansável ao estudo das culturas indígenas. Sua jornada acadêmica e literária foi uma longa e bela caminhada que enriqueceu o nosso entendimento sobre os índios do Nordeste. Ele se destacou por ser um dos maiores estudiosos da cultura Xucurú-Kariri, tema que abordou com profundidade e respeito em suas diversas obras.

Nos anos 1980, Clóvis teve a oportunidade de atuar como assessor especial para assuntos indígenas no governo de Divaldo Suruagy. Esse período foi marcado por sua defesa apaixonada dos direitos dos povos indígenas, uma luta que ele abraçou com a determinação de um guerreiro. Sua contribuição para a promoção de políticas públicas voltadas para essas comunidades foi essencial e deixou um legado que perdura até hoje.

A vida de Clóvis foi também marcada por seu trabalho como professor na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Em Maceió, ele inspirou gerações de estudantes com seu vasto conhecimento e entusiasmo pela antropologia. Clóvis não se limitava às salas de aula; seu compromisso com a saúde e o bem-estar da comunidade também o levou a trabalhar como fisioterapeuta no Hospital de Ciências Médicas no Trapiche, evidenciando sua multifacetada dedicação ao serviço público.

Em Palmeira dos Índios, Clóvis também deixou uma marca indelével. Como diretor do Colégio Pio XII, da Congregação Coração de Jesus, ele foi uma figura de liderança, orientando e educando muitos alunos e colegas. Sua influência era palpável e sua presença, sempre inspiradora.

A partida de Clóvis deixa uma lacuna difícil de ser preenchida. No entanto, seu legado continua a ecoar através das gerações de estudiosos e defensores da cultura indígena que ele inspirou. Seu trabalho acadêmico, suas lutas e sua dedicação incansável à preservação da história e cultura indígena permanecem vivos, refletindo a importância de sua missão e o impacto profundo que teve na sociedade alagoana e brasileira.

Clóvis será sempre lembrado não apenas por suas contribuições intelectuais, mas também por sua integridade, paixão e comprometimento com as causas que defendeu. Ele deixa saudades em sua família, amigos, colegas de profissão e em todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e aprender com ele. Sua vida foi um exemplo de dedicação e amor ao próximo, e sua memória continuará a ser uma fonte de inspiração para todos nós.

No horizonte cultural de Alagoas, o nome de Clóvis Antunes Carneiro de Albuquerque brilhará eternamente, guiando os passos daqueles que se dedicam à preservação e valorização das nossas raízes indígenas. Que seu legado continue a florescer e a inspirar futuras gerações, assim como ele desejou em cada passo de sua notável jornada.