Luisa Duarte: entre o passado e o futuro
O ano novo amanhecerá em Palmeira dos Índios com ares de esperança e apreensão. Aos 69 anos, Luisa Duarte assume a missão de liderar o quarto maior município de Alagoas. A segunda mulher a ocupar o cargo de prefeita, ela carrega o peso das expectativas de uma população que deseja mais do que promessas: quer competência, integridade e resultados.
A cidade lembra, com certa amargura, a gestão de Mazé, a primeira prefeita eleita, cujos erros ainda ecoam como um aviso. Nos anos 2000, Palmeira dos Índios enfrentou um período sombrio de desorganização e abandono. Mazé deixou marcas difíceis de apagar e, com elas, uma desconfiança que recai agora sobre Luisa, cuja missão é provar que a história não precisa se repetir.
Gratidão é uma virtude, mas a política exige equilíbrio. Luisa deve lembrar-se de quem a ajudou a chegar ao poder, mas não pode permitir que esse reconhecimento se transforme em submissão. Governar não é retribuir favores, mesmo que seja a um sobrinho e a prefeitura não pode ser um balcão de negócios ou um cabide de empregos para interesses eleitorais. Palmeira dos Índios precisa de uma gestora, não de um artífice político.
A maturidade de Luisa é tanto um trunfo quanto uma responsabilidade. Aos 69 anos, ela não tem tempo a perder. Seu desafio é governar com a sabedoria de quem já viveu muito, mas sem se deixar enredar pelos jogos e armadilhas que muitas vezes sufocam os mais bem-intencionados. A cidade precisa de investimentos sólidos, planejamento estratégico e decisões firmes, mesmo que elas desagradem alguns.
Ser prefeita de Palmeira dos Índios não é apenas um título; é uma missão que exige coragem para dizer “não” quando necessário e visão para priorizar o bem comum acima dos interesses pessoais. Luisa tem nas mãos a oportunidade de mudar a narrativa da cidade, de reescrever o capítulo das administrações femininas e de mostrar que é possível ser grata sem ser conivente, firme sem ser insensível.
O povo não espera milagres, mas não tolerará desculpas. Depois de tantos anos de estagnação, Palmeira dos Índios precisa de gestão, não de retórica. E Luisa, com toda a bagagem que a vida lhe deu, tem o dever de agir com o coração voltado para o povo, mas os pés firmes no chão da realidade.
O que começa agora é mais que uma administração; é a chance de Luisa Duarte entrar para a história como a prefeita que fez a diferença. Cabe a ela decidir: será um nome de orgulho ou apenas mais um em uma lista de decepções? A resposta está em suas mãos, e o tempo, como sempre, será seu maior juiz.