Geral

Shopping: sonho do arapiraquense pode ser alvo de investigação

24/05/2012
O escandaloso caso da desapropriação de uma área em Rio Largo pode ser a ponta do iceberg para o inicio da apuração da doação do terreno para a construção de um Shopping em Arapiraca pela prefeitura do município. De acordo com entrevista concedida pelo prefeito de Arapiraca Luciano Barbosa (PMDB) em 10 de julho de 2009, que falou sobre a chegada do Shopping Pátio à cidade, quando foi questionado sobre a doação do terreno, o gestor informou que a doação foi realizada em troca da construção de uma Escola de Tempo Integral no município. A construção da unidade escolar jamais saiu do papel que seria a contrapartida dos empresários até hoje.
Na época, o evento do lançamento do Shopping Pátio Arapiraca, serviu para que a população ficasse informada sobre a parceria da Prefeitura de Arapiraca com os empresários que iriam construir o Shopping na cidade.
Representando o empreendimento presentes ao evento na época estavam Robson Rodas, Administrador do Shopping Maceió (antigo Iguatemi) e Shopping Pátio Benedito Bentes, o empresário Adoniran Guerra e o engenheiro civil Carlos Eduardo, da CCO – empresa que iria construir o empreendimento e que acabou se afastando do negócio.
Na entrevista coletiva, o prefeito Luciano Barbosa foi questionado sobre a doação do terreno em troca da construção de uma Escola de Tempo Integral. O prefeito informou que um Projeto de Lei Municipal permitiria que terrenos pertencentes ao município pudessem entrar em negociações desde que tivessem como contrapartida, por parte dos empresários, a construção de obras sociais.

Paralisação das obras do shopping

Por reiteradas vezes as obras do shopping foram paralisadas em razão da mudança de sócios do empreendimento. Sendo que, atualmente, as empresas que estão responsáveis pela construção são MK Empreendimentos e Participações Ltda, Adm Mall Patrimonial Ltda – Me, ALG (Adoniran Lucio Guerra) Administração e Consultoria em Shopping Center Ltda, Auto Posto Mauricio de Souza Ltda (Posto Jr) e a Falcão Consultoria Administração. Recentemente passou a contar também com a Tenco Shopping Centers.
A entrevista foi concedida em julho de 2009, anunciando que a inauguração seria em 2010 o que não ocorreu. Posteriormente com a nova equação societária foi anunciada a inauguração para 29 de outubro de 2012 dentro das comemorações da Emancipação Política do município. No momento as obras sofreram paralisação e de acordo com a previsão de um empresário do ramo de confecções a obra atrasou mais uma vez e não se tem a certeza de uma nova data para ser entregue à população.

Vereadores dispensam construção de escola
A Câmara Municipal de Arapiraca ao final do período legislativo de 2011, numa atitude altamente suspeita aprovou a mudança da contrapartida, liberando os empresários da construção da escola de tempo integral por uma outra obra desconhecida da população. Para um político local a “atitude é inexplicável”. A sociedade civil organizada já está se mobilizando para tomar providências em defesa do patrimônio público.
A transação já é considerada “suspeita” em razão da não efetivação da contrapartida. Outro fato a ser questionado é se o valor da área cedida ao shopping, hoje avaliado em mais de R$ 10 milhões é compatível com a obra a ser realizada em contrapartida.

Empresário afirma que sem contrapartida não haverá posse de condôminos
O empresário Adoniran Lúcio de Souza Guerra, um dos responsáveis pela construção do Shopping Pátio Arapiraca informou que a construção do empreendimento é um sonho dos arapiraquenses há 20 anos. Explicou ainda que os empresários somente tomarão posse no empreendimento após a entrega da obra de cunho social como contrapartida pela doação do terreno de 50 mil metros quadrados defronte ao Centro Administrativo no bairro Santa Edwvirgem, próximo a Al-220.
Prefeito diz que arquibancada de estádio pode virar "obra social"
O prefeito Luciano Barbosa justificou a informação da reportagem afirmando que a prefeitura é quem definirá qual obra será realizada e que o shopping só poderá ter funcionamento quando o poder executivo liberar.
“A Lei não exige uma escola de tempo integral. A lei exige uma obra social no valor de R$ 1,5 milhões. A prefeitura é quem definirá qual obra será. Pode, inclusive, ser uma escola em tempo integral, mas pode ser outra obra social. O empreendimento só pode ter seu uso depois que a prefeitura liberar. A prefeitura foi quem colocou essa condição de contrapartida social, e é a maior interessada”, contou.
Por fim, Barbosa lembrou que a construção da arquibancada de concreto no lugar das metálicas, no estádio municipal, pode virar a contrapartida. “A possibilidade da arquibancada de concreto foi exatamente pelo fato da lei considerar uma obra social. Todos os terrenos do Governo do Estado e da prefeitura para empresas são doados. Esse teve contrapartida”, falou