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Mariquinha Simplício, a dona da alegria

11/07/2012

  Maria Cavalcante Machado Ferro (nome adquirido no casamento com o agropecuarista Manoel Machado Ferro) era uma mulher demasiadamente prática e divinamente romântica. Apesar de ser uma pessoa determinada, ela não era do tipo que se atirava de cabeça nos seus projetos. Antes, porém, gastava tempo analisando o que devia ser feito. Tanto isso é verdade que, ainda nova, decidiu se casar com o viúvo Manoel Machado Ferro, homem elegante, educado e amigo, segundo opinião do meu pai, Rosalvo Damião, seu vizinho de propriedade rural. Mas, essa não foi a única atitude pensada de Mariquinha. Outro projeto pensado e analisado foi a decisão de criar um filho, para celebrar seu relacionamento harmonioso com seu esposo. Nessa conivência familiar, surgiu o menino Gilberto que, diga-se de passagem, era sua maior paixão. 

Mariquinha Simplício, como era chamada pelos irmãos e amigos da família Simplício do Nascimento, era uma mulher de personalidade forte, determinada, que não gostava de mudanças bruscas em sua vida, mas admitia novidades, surpresas.  Ela, em si mesma, já era uma enorme surpresa! Quinze dias antes da sua enfermidade em Maceió, eu tive o prazer de reencontrar Mariquinha Simplício no Restaurante “Sabor da Terra”, em Palmeira dos Índios. Ela se preparava para almoçar. O almoço já estava servido à mesa. Aproximei-me da amiga e companheira do Rotary Clube, para cumprimentar a minha poetiza. Afinal, nas reuniões do Rotary Clube de Palmeira dos Índios nunca faltava um poema de Mariquinha Simplício. Mas, qual não foi a minha surpresa (aliás, isso nunca foi surpresa), Mariquinha levantou-se da cadeira, olhou nos meus olhos e indagou: “quer ouvir uma poesia?” Eu adverti que seu almoço poderia esfriar. Ela rebateu: “meu almoço pode esperar”. E, como sempre assim fazia, Mariquinha me presenteou com um belo poema. Depois, alegremente, ela se sentou a mesa e começou a saborear seu almoço. Eu lhe beijei a testa e confessei: “Mariquinha, se você não existisse, tinha que ser inventada”. Ela riu e acenou um adeus de despedida. Esse foi o nosso último encontro na terra dos homens. 
Pela história que eu sei sobre sua vida, Mariquinha Simplício trabalhou duro. Ela era a irmã mais velha, responsável pela educação e pela disciplina de todos os irmãos, com exceção do Noé Simplício do Nascimento, porque esse era mais velho que ela, com apenas um ano de diferença. De maneira que, se na unidade familiar, Noé Simplício foi instruído por seu genitor, Manoel Simplício do Nascimento (1900-1995), para ser “padrinho” dos seus irmãos, Mariquinha Simplício foi orientada para ser a “orientadora e conselheira” dos irmãos.
Nascida em Água Branca, no sertão alagoano, Mariquinha Simplício chegou a Palmeira dos Índios (AL) com a missão de acompanhar os estudos dos seus irmãos mais novos, uma vez que seu irmão Noé Simplício, aos 23 anos de idade, já era gerente de uma filial da empresa GODOY & CIA, fundada em Garanhuns (PE). Além de pecuarista na zona rural do Sítio “Flexeira” e rotariana, ela também foi Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Palmeira dos Índios. Como integrante do Grupo da Terceira Idade “Sempre Vivas”, Mariquinha Simplício contagiava a todos com a sua alegria e sua expansividade. Mulher divertida, dinâmica, adaptável, meticulosa e ordeira como ninguém. Como afirmou o amigo Evandro Santos Cysneiros, Mariquinha Simplício era “uma das reservas morais do estado de Alagoas e também do sorriso mais brilhante e sincero que conheci em minha vida. Dona Mariquinha, como era conhecida carinhosamente por todos nós, parte para outro plano deixando um legado de amigos e admiradores. Declamava poemas e poesias com a facilidade de poucos adolescentes, ela marcava presença onde comparecia. Acredito que, neste momento, Deus e os bons anjos a estão esperando. Adeus Mariquinha ou até breve… Pois a nossa vida aqui da terra a Deus pertence”… Por fim, faço minhas às palavras do empresário Evandro Cysneiros… Pensemos nisso! Por hoje é só.