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Palmeira dos Índios celebra centenário de Dom Otávio Aguiar
Se vivo estivesse, Dom Otávio estaria completando 100 anos de vida, toda ela dedicada ao serviço da Igreja e dos irmãos, para glória de Deus, o amor aos que mais necessitavam e salvação das almas. Após ter exercido a função de assistente nacional da Juventude Agrária Católica (JAC), Otávio Aguiar, pároco da pequenina cidade de Limoeiro, em Pernambuco, foi escolhido pelo sumo pontífice para bispo auxiliar de São Luís do Maranhão, muito novo com apenas 41 anos, em novembro de 1954. Passou apenas um ano em São Luís e logo veio para Campina Grande – Paraíba, onde ficou por seis anos. Para nosso Estado, de onde não mais saiu, veio dom Otávio em 1962, tomando posse da Diocese de Palmeira dos Índios em 19 de agosto daquele ano.
Como bispo fundador da diocese, D. Otávio Aguiar lançou as bases estruturais daquela Igreja local, instalando a cúria e dando organização às atividades pastorais. Para facilitar a administração diocesana, dividiu a diocese em três Foranias Pastorais, abrangendo, cada uma delas, um grupo de Paróquias e tendo por coordenadores os padres: Rosevaldo Caldeira, Jorge Tobias e Delorizano Marques. As sedes das Foranias situavam-se em Palmeira dos Índios, Batalha e Santana do Ipanema.
Também durante seu pastoreio, estabeleceu-se em Palmeira, a 10 de agosto de 1965, a Congregação das Irmãs Missionárias Franciscanas de Asten, Holanda. Em 1966, a mesma congregação religiosa abriu casas em Santana do Ipanema e Pão de Açúcar, respectivamente a 3 de março e 21 de agosto.
Preocupado com as vocações sacerdotais, inaugurou o Seminário Menor, em 2 de Março de 1969, na época com 14 seminaristas. E durante o seu período à frente da diocese chegou a ordenar 10 padres. Ainda no seu episcopado, fundou cinco novas paróquias, a saber:
– S. Cristóvão, na cidade de Palmeira dos Índios, a 12 de fevereiro de 1964;
– S. Cristóvão, em Santana do Ipanema, a 1º de março de 1968;
– N. Sra. da Penha, em Batalha, a 8 de setembro de 1968;
– N. Sra. da Saúde, em Igaci, a 4 de outubro de 1968;
– N. Sra. do Rosário, em Inhapi, a 21 de junho de 1976.
No período mais significativo da história da Igreja no século vinte, Dom Otávio tomou parte em Roma do Concílio Vaticano II de 1962 a 1965. Renunciou prematuramente à administração de sua diocese com a idade de apenas 65 anos, quando o Direito Canônico iria fixar mais tarde, a tal idade-limite de 75 anos. Eu disse “renunciou à administração da diocese”, porque ao serviço episcopal, Dom Otávio jamais renunciou.
Como Bispo Emérito, residindo em Maceió, construiu inúmeras igrejas e capelas, como a Matriz de Maria Auxiliadora, a de S. Paulo Apóstolo no Conjunto Salvador Lyra, a igreja de Santo Antônio no Jacintinho e a Matriz de S. Maximiliano Kolbe, no conjunto Benedito Bentes, onde também organizou a comunidade eclesial, fez a casa paroquial e foi pároco por alguns meses. Ajudava os padres na difícil tarefa de conseguir recursos na Europa para construção ou reforma de suas capelas e matrizes. Tudo isso, além do grande mérito cultural da organização do Arquivo da Cúria e do Museu de Arte Sacra de Marechal Deodoro, do qual foi nomeado diretor pelo governador, tendo declinado da nomeação por julgar anti-ético receber vencimentos do Estado, sem dedicação exclusiva.
Prudência, circunspecção e retilinidade foram suas características fundamentais. Sabia escutar, como poucos, sabia aconselhar, como os sábios, sabia calar e ser prudente e reservado.
Dom Dulcênio – Bispo em Exercício da Diocese de Palmeira dos Índios – fala sobre seu predecessor
Para primeiro Bispo de Palmeira dos Índios, em 04 de julho de 1962, foi eleito por João XXIII, Dom Otávio Aguiar Barbosa, na época, Bispo de Campina Grande. O paraibano Dom Otávio era, no dizer da bula de sua eleição, “homem sem dúvida cheio das virtudes episcopais e também notável pela grande piedade e pelas suas obras”. O Prelado foi empossado na Sé Catedral Diocesana de Nossa Senhora do Amparo em Palmeira dos Índios automaticamente no dia da Instalação Canônica da nova Diocese (ou seja, em 19 de agosto de 1962) diante de Dom Armando Lombardi (Núncio Apostólico), de inúmeros bispos e autoridades estaduais e municipais.
Percebendo a escassez do clero, uma das primeiras providências de Dom Otávio Aguiar foi a implantação das Obras das Vocações Sacerdotais (OVS) que, no seu próprio dizer, afirmava ser “com vistas ao futuro da assistência religiosa, tanto na sede como no interior”. A Diocese de Palmeira dos Índios, quando da sua instalação, contava com apenas 11 paróquias, inclusive tendo algumas que possuíam uma vasta extensão territorial. Era necessário criar mais comunidades paroquiais. Interessante que a Igreja de Palmeira dos Índios viu surgir alguns municípios, acompanhando, como Mestra e Mãe, o desenvolvimento do povo do agreste e sertão alagoanos. Assim, no decorrer de cinquenta anos, surgiram os municípios de Canapi, Estrela de Alagoas, Inhapi, Olho d’Água do Casado, Ouro Branco e Pariconha. Também, para um maior serviço ao povo de Deus, instalaram-se na Diocese algumas Congregações Religiosas: Congregação das Religiosas do Sagrado Coração de Jesus, Irmãs Franciscanas de Santo Antônio e Congregação das Missionárias de Santo Antônio Maria Claret. Estes institutos, juntamente com a Congregação das Filhas do Amor Divino que em Palmeira dos Índios já residia, realizam, ainda hoje, inúmeros trabalhos de evangelização e promoção humana.
Diocese de Palmeira dos Índios, percebendo as necessidades sociais de seus fiéis, iniciou, através de Dom Otávio, ações que viabilizassem o anúncio do Reino e valorização da pessoa. Assim, em agosto de 1963, em convênio com a Prefeitura de Palmeira dos Índios e com o Governo do Estado de Alagoas, foi fundado o Centro Social Diocesano, cujo papel estava voltado para a integração das pessoas mais pobres na sociedade, desenvolvendo-as no ensino de habilidades domésticas tais como o curso de alfabetização, corte e costura, bordado, crochê e arte culinária. Soma-se à iniciativa do Centro Social Diocesano a fundação do Clube de Mães que, fundado em maio de 1964, buscava realizar serviços de assistência às gestantes e parturientes, inclusive orientando as mulheres sobre a maternidade, cuidados prévios com o nascimento dos bebês, alimentação, pré-natal, educação das crianças, religião, deveres do lar, etc.
Relacionada ao compromisso que brota do Evangelho para a Igreja como formadora cultural dos fiéis, a Diocese de Palmeira dos Índios funda, em 1966, os colégios Sagrada Família, em Palmeira dos Índios, e São Vicente de Paulo, na cidade de Pão de Açúcar, além de creches nos municípios de São José da Tapera e Palestina. Em 1968, cria o Colégio de Santana do Ipanema. Na cidade de Palmeira dos Índios, em 1971, foi criado o Museu Xucurus que funciona, desde a sua fundação, na Igreja do Rosário.
Em 1962, a Diocese de Palmeira dos Índios, juntamente com o projeto junto às instituições de ajuda à Igreja presente em países em desenvolvimento, encabeça a construção de conjunto de casas populares. Inaugurada em 08 de dezembro de 1967, a Vila João XXIII foi destinada aos pobres sem abrigo.
Passados 15 anos como Bispo de Palmeira dos Índios, Dom Otávio Aguiar (que muito trabalhou na infraestrutura da Diocese), entrega o Báculo Pastoral ao seu sucessor, Dom Epaminondas José de Araújo. Dom Otávio Aguiar Barbosa falece na cidade de Maceió aos 08 de dezembro de 2004.
Diocese de Palmeira celebrará uma Missa em Memória de seu Bispo Fundador
Nesta Segunda-feira (22), Dom Dulcênio Fontes de Matos e todo o clero da Diocese de Palmeira dos Índios, celebrará uma solene celebração eucarística em honra a memória de Dom Otávio na Catedral Diocesana às 19h.
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