Cidades
Reeducandos prestam serviço ao Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (Cbmal), em parceria com a Superintendência Geral de Administração Penitenciária (SGAP), recebeu, nesta quarta-feira (25), 15 reeducandos do sistema prisional que contribuirão com serviços gerais nas dependências do Quartel do Comando Geral. A ação busca reintegrá-los à sociedade, dando uma oportunidade de trabalho digno para o sustento de suas famílias.
São onze homens e quatro mulheres condenados em regime aberto e semiaberto que exercem o trabalho de mecânico, marceneiro, eletricista, pedreiro, além de outros serviços gerais. A contribuição dos reeducandos será de segunda A sexta, das 8h às 14h, durante um ano.
Para o tenente-coronel Marcílio Alves, diretor de material e patrimônio do Cbmal, é de grande importância para a corporação a presença dos reeducandos. “São pessoas que estão recebendo uma segunda chance de entrar no mercado de trabalho e os recebemos de braços abertos”, afirmou. Segundo Alves, a parceria entre as instituições é excelente para todos: para o Corpo de Bombeiros, que fornece apenas o equipamento de proteção individual aos reeducandos; para a SGAP, que realiza esse belo trabalho de inclusão social, e para os próprios reeducandos, que recebem uma chance de ouro de ter um trabalho digno e, desta vez, agir da forma correta. “São pessoas que erraram na vida e errar é totalmente humano”.
Em relação aos critérios de seleção dos reeducandos para a ressocialização, o gerente geral da Colônia Agroindustrial São Leonardo, Thales Michel, informou que o condenado precisa ter cumprido pelo menos um sexto da pena, ter a documentação necessária, em seguida fazer um exame psicossocial. Depois disso, é avaliado o crime que ele cometeu e o que o motivou a cometer tal crime. Em seguida, avalia-se se ele teve um bom comportamento, para só depois permitir sua ressocialização.
Além de ter a pena reduzida – é diminuído um dia da pena a cada três dias trabalhados –, os reeducandos recebem um salário mínimo e a ajuda de transporte. Tudo previsto na Lei de Execução Penal.
A Polícia Militar, a Secretaria de Defesa Social, a Perícia Oficial, o Instituto Médico Legal, a Secretaria Estadual de Educação, o Departamento de Estradas de Rodagem, a Casal, a Universidade Federal de Alagoas, a Defensoria Pública e o Instituto de Identificação também receberam os reeducandos.
ARREPENDIMENTO
Denilson Gomes da Silva, de 21 anos, foi condenado a três anos por tráfico de drogas. “Rebolo”, como era conhecido, entrou no mundo do crime aos 14 anos como “aviãozinho” e conta que, apesar da pouca idade, ascendeu no meio e já era dono de boca de fumo. “Ostentava poder, dinheiro e mulheres. Eu já comandava muita gente, mas nessa vida não podia descansar nem por um minuto. Sempre tem alguém que quer tomar o seu lugar”, contou ele. “A gente dorme com um olho fechado e outro aberto”. Ele conta que já estava jurado de morte. “Um belo dia a polícia fez o cerco na minha boca e me pegaram. Dentro da cadeia eu descobri que outro traficante já tinha armado uma armadilha pra me ferrar. Se eu não fosse preso, estaria morto”.
Agora, Denilson é um dos reeducandos que trabalham no Corpo de Bombeiros. “O crime não tem futuro, não tem como melhorar de vida. Ela só piora porque se vive escondido””, afirma. Antes de entrar na criminalidade, Denilson trabalhava numa oficina como auxiliar de mecânico e diz que que pretende voltar a trabalhar honestamente para tirar seu sustento. “Aos jovens eu digo que pensem bem no que vão fazer e pensem nas consequências das atitudes. Eu já passei por momentos difíceis e constrangedores e não desejo isso a ninguém”.
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