Cidades
Culinária afro é oferecida durante as comemorações do dia 20 de novembro
As atividades desenvolvidas na Serra da Barriga, em comemoração ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro), buscam o resgate cultural afro-brasileiro nos mais diversos segmentos. A culinária oferecida durante os festejos também é especial, baseada no cardápio de devoção aos orixás, elaborado pela ialorixá Mãe Neide Oyá D\’Oxum.
Todo o cardápio é produzido na cozinha própria do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, que é montada e estruturada especificamente para os dias de evento.
Segundo a diretora administrativa do Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb), Cláudia Puentes, a culinária afro vai muito além do acarajé. “A refeição é voltada para o resgate das nossas origens. A variedade é grande: temos o arroz de hauçá, vatapá, caruru, peixe na folha de bananeira, além dos doces criados pela Mãe Neide, através dos ensinamentos de sua avó. Daí vem também a questão da ancestralidade, que preservamos muito em nossa religião”, informou Cláudia.
As atividades na Serra da Barriga têm início na madrugada do dia 20, com um ritual consagrado aos religiosos mais antigos. “Esse momento é sagrado. Apenas os pais de santo e religiosos atuantes há muitos anos podem participar desse ritual. São ritos sérios e muitos não estão preparados. Mas é um momento lindo de muita energia ”, explicou Cláudia.
Ela conta que após o ritual, por volta das 7h, os demais religiosos, visitantes e grupos de capoeira começam a subir a Serra, fazendo uma grande festa de comemoração e valorização dos povos africanos.
Antes da preparação das refeições, a equipe que fica responsável pela cozinha faz um ritual que antecede o preparo dos alimentos, com banhos de ervas e orações. “Existe todo um preparo místico. Antes de começar, tomamos banho de ervas e rezamos um Pai Nosso. A culinária não é apenas a comida, existe todo um ritual de preparação, uma vez que essa culinária é ligada aos nossos ancestrais e orixás”, explicou.
A preparação dos alimentos já começa no dia 19, pois às 7h, o café da manhã deve estar posto, esperando o cortejo dos religiosos que sobem a Serra. “Esse momento é de festa. Uma multidão de gente subindo a Serra, cantando e dançando, fazendo apresentações culturais. É mágico. Estamos todos comemorando a resistência, a energia, a renovação, o reconhecimento do povo alagoano e o herói que nós temos, Zumbi dos Palmares”, afirma Cláudia Puentes.
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