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Floriano Peixoto
Floriano Vieira Peixoto, alagoano de Ipioca, o consolidador da República, teve um currículo riquíssimo, cheio de lances épicos, caracterizado pela sua bravura pessoal e pela dignidade cristalina de suas atitudes.
A Guerra do Paraguai, que lhe proporcionou o batismo de fogo comandando uma pequena força naval, embora fosse oficial de infantaria, Floriano participou de todas as grandes batalhas. Esteve presente e teve atuação destacada em Tuiuti, Itororó, Villeta, Avaí, Lomas Valentinas, Peripebuí e Campo Grande.
Fato raro se registrou então no tocante ao desempenho do futuro consolidador: foi elogiado por todos os grandes chefes das forças da Tríplice Aliança. Mitre, Flores, Osório e Caxias registraram seu desassombro e as suas qualidades de guerreiro.
A serenidade, a calma e a coragem eram o apanágio da personalidade de Floriano Peixoto. Paralelamente a esses aspectos, alimentava ao máximo o mutismo e a introspecção. Seu espírito aclimatava-se facilmente às novas situações. Transformado de Infante em Oficial de Marinha, ele impediu de maneira decisiva que as forças paraguaias das duas margens do Rio Uruguai fizessem junção. Quando quis licenciar-se do Exército, em 1885, veio para Alagoas e exerceu com eficiência as funções de Senhor de Engenho, bem distintas do labor da caserna.
No Exército Imperial, Floriano Peixoto teve oportunidade de conhecer diversas facetas da vida nacional. Suas missões em Mato Grosso, Pernambuco, Amazonas e em sua província natal, serviram para que ele observasse particularidades diversas coexistentes na cultura brasileira.
O fundamento econômico do Império e a sua sustentação, o escravismo, passam a ser superados pelo livre mercado, pelo comércio, indústria e o aparecimento do salário. A economia puxava a política. Às potências econômicas mundiais, já não interessava mais o comércio da escravidão. O capitalismo triunfara. A mudança que traria o Marechal Floriano Peixoto, em 1889, na estrutura jurídico-política da formação social brasileira, resultou fundamentalmente da dominância das relações de produção capitalista. Os setores escravistas que detinham maior participação no controle do aparelho do Estado começavam a enfrentar uma contestação cada vez mais forte da burguesia, com a queda desse tipo de economia cai com ela o regime. Esse era o palco político de Floriano.
Poucos dias após a Proclamação da República, Deodoro nomeia o Marechal Floriano Peixoto para o Ministério da Guerra, tornando-o Ministro. Agora, o alagoano comandava as mãos armadas da gente toda das três armas, e o País tinha o nome de Estados Unidos do Brasil. Em crise constante, todo o gabinete de Deodoro demite-se.
Assumindo por imperativo constitucional a Presidência da República, revelou ao mais alto grau a sua têmpera de aço. Enfrentou a Revolução Federativa com pulso de ferro, destituiu quase todos os Presidentes de Província (exceção do Pará e de Mato Grosso) e dominou os motins das fortalezas da Laje e de Santa Cruz. Outra grande prova de força foi a prisão de treze generais que haviam se arvorado em intérpretes da Constituição.
A personalidade de Floriano Peixoto se consubstancia em duas pequenas palavras. Quando certo diplomata quis saber como ele receberia as forças do seu País que desembarcassem no Rio de Janeiro para colaborar com o Governo do Brasil, o então Presidente da República, exagerando no seu laconismo, respondeu simplesmente “A bala”.
O ciclo de vida de Floriano Vieira Peixoto, consolidador da República, Marechal de Ferro, muitas vezes héroi da Guerra do Paraguai, vai de 30 de abril de 1839 até 29 de julho de 1895. Nesses cinqüenta e seis anos, sua estrela brilhou com muita intensidade no firmamento da Pátria, que hoje cultua a sua memória.
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