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Ribeirinhos realizarão ‘velório’ para o “Velho Chico”

Em 1825, o padre missionário Francisco Correia profetizou: “haverá um dia em que o Rio São Francisco será atravessado a vara em alguns trechos e serão feitos poços em seu leito. Mais de um século após, as imagens que o povo residente no baixo São Francisco tem assistido coincide com a profecia do religioso.
Entre Penedo e Neópolis, município sergipano que faz divisa com o estado alagoano, a rotina dos balseiros e navegantes das lanchas é desviar dos enormes bancos de areia que se formam em meio ao rio, fruto do grave assoreamento.
Já chegamos a atracar no meio da noite, ficando por mais de cinco horas lutando pra sair de uma ilha que se formava. Entre os passageiros, a preocupação foi grande de como fariam pra seguir viagem, conta João Santos, balseiro há mais de 10 anos da região.
Os pescadores relatam que os peixes estão cada dia mais escassos, preferem se aventurar no mar na busca de comida e passam a fazer parte de outro ecossistema, causando ainda mais morte para o rio, que seria da integração nacional.
Em Propriá, a ponte que liga a Porto Real do Colégio, em Alagoas, iniciou o projeto de duplicação, obra do PAC pelas BR´s. Mas a mesma é vista com estranheza, já que as pessoas já atravessam por baixo a pé, no mesmo local aonde o rio já foi de infinita beleza e grande volume de água.
Velório do Velho Chico
O descontentamento é geral entre os ribeirinhos, que assistem a uma degradação ambiental sem proporções. A seca, a falta de investimentos e projetos, bem como a obra de transposição do rio são as principais reivindicações da população.
Em uma página da rede social facebook, a ´Neópolis, como eu vejo´, lideranças comunitárias formam um engajamento popular e mobilizam-se pela internet para durante a tradicional festa de Bom Jesus dos Navegantes de Neópolis, no domingo (5), promover um velório simbolizando a morte do rio São Francisco.
As pessoas se encontrarão durante a procissão e estarão vestidas de preto em solidariedade à causa. Promessas de levar cartazes, faixas, flores e velas tomam conta da rede, cujos ribeirinhos divulgam um convite e almejam uma revitalização urgente do rio, um dos principais cursos de água doce das Américas e que banha 73 cidades de cinco estados brasileiros.
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