Ninguém está livre de precisar de uma transfusão de sangue. Da mesma forma, todos nós estamos sujeitos a sofrer um acidente, a passar por uma cirurgia ou por um procedimento médico em que a transfusão seja absolutamente indispensável. E, como não existe sangue sintético produzido em laboratórios, quem precisa recebê-lo tem mesmo de contar com a boa vontade de doadores, uma vez que nada substitui o sangue verdadeiro retirado das veias de outro ser humano. Então, pensando nisso, e sensibilizado com o baixo estoque dos hemocentros de Alagoas, o Ministério Público Estadual resolveu aderir a campanha “Fortalece Aí”, uma iniciativa de um grupo de artistas e profissionais liberais que, unidos, decidiram incentivar os mais diversos tipos de doação. O MPE/AL é a primeira instituição pública a participar da ação.
O “Dia D” das doações está marcado para 24 deste mês e ocorrerá na sede da Procuradoria Geral de Justiça, situada no edifício Carlos Guido Ferrário Lobo, Rua Dr. Pedro Jorge Melo e Silva, nº 79, no Poço, no horário entre 08h e 13h. Estão convidados a participar todos os membros e servidores do Ministério Público Estadual e, claro, qualquer outra pessoa que quiser praticar esse ato de solidariedade. O ônibus itinerante do Hemocentro de Maceió estará com uma equipe de 12 pessoas, entre médicos, enfermeiros e pessoal de apoio, com toda a estrutura necessária para a triagem e coleta.
“Fomos informados sobre o baixo estoque de bolsas de sangue nos hemocentros do Estado e, também, a respeito da campanha que está convidando a sociedade a se engajar nessa luta em defesa da vida. O Ministério Público é um órgão que atua como defensor do povo e, exatamente por esse motivo, ele também tem que cumprir o seu caráter social. É com orgulho que estamos aderindo ao projeto e, inclusive, já temos mais de 70 pessoas dispostas a doar sangue. Sem dúvida alguma ficaremos com a sensação de que estamos ajudando ao próximo”, declarou Sérgio Jucá, procurador-geral de Justiça.
E essa não é a primeira vez que o MPE/AL participa de uma campanha semelhante. “Já estivemos juntos numa outra mobilização para doação de sangue. A intenção foi conseguir doadores de medula óssea. Procuradores e promotores participaram e tivemos um resultado bastante positivo. Por isso, temos certeza que, dessa vez, a adesão também será grande. Possuímos membros e servidores sensíveis à causa”, lembrou Micheline Tenório, promotora de Justiça que coordena o Núcleo de Defesa da Saúde Pública.

 Primeira instituição a aderir a campanha

O Ministério Público Estadual de Alagoas será a primeira instituição pública a participar da campanha “Fortalece Aí”. O projeto, que tem o objetivo de estimular a participação voluntária entre os alagoanos, aproximando entidades filantrópicas e cidadãos, foi lançado há menos de uma semana. “Essa é uma iniciativa sem fins lucrativos de um grupo de empresas e artistas que decidiram incentivar a responsabilidade social utilizando plataformas digitais de comunicação. Alguns empresários até ligaram para saber como aderir a campanha, mas, órgão público, ainda não havia nenhum. O Ministério Público é pioneiro e nosso desejo é que outras instituições se inspirem nessa mesma atitude e possam, também, ajudar a quem precisa”, afirmou Laís Falcão, jornalista da Emcontexto, empresa de comunicação com foco na produção e gerenciamento de conteúdo digital e assessoria de imprensa e que é uma das apoiadoras da “Fortalece Aí”.
“É com muita alegria que receberemos o Ministério Público como parceiro. Será uma contribuição valiosa, principalmente, porque estamos vivendo um momento delicado, com baixo estoque de bolsas de sangue. Inclusive, aquelas pessoas que estão se dispondo a doar agora, podem se tornar doadores em potencial no futuro. Com a chegada de vocês, nossa rede de solidariedade só cresce”, comemorou Maria das Graças Martins Padilha, assistente social e chefe do setor de captação de doadores do Hemoal.
Ainda segundo ela, ideal aos hemocentros é o recebimento de cerca de 150 doações diárias, entretanto, a média, infelizmente, não tem chegado a 40. “Estamos com carência de todos as tipagens sanguíneas e fatores RH (O+, A+, B+, O-, A-, B-, AB+, AB-), contudo, ela é maior nos RHs negativos, com destaque para o sangue AB-. Por conta desse problema tivemos que suspender várias cirurgias eletivas, a exemplo de histerectomias e estamos dando prioridade aos casos de urgência, como cirurgias cardíacas e renais e casos de acidentes de trânsito com grandes traumas. É importante esclarecermos que todo o processo de doação dura apenas 30 minutos, é retirada do corpo uma bolsa com cerca de 450 ml, sem nenhuma repercussão negativa para o organismo, e essa doação pode salvar até três vidas”, acrescentou Maria das Graças Martins Padilha.
Em Alagoas, apenas 0,5% da população doa sangue. A Organização Mundial de Saúde preconiza que de 3 a 5% da população deve doar sangue, pelo menos, uma vez por ano. Ainda segundo a OAB, entre 90 a 95% das doações vem dos segmentos sociais economicamente desfavorecidos e o Brasil ainda está longe da auto-suficiência em sangue e hemoderivados.
Mais informações a respeito da campanha “Fortalece Aí” podem ser obtidas no site www.fortaleceai.com.br. O projeto, além de incentivar a doação de sangue, também estimula vários outros tipos de doações.

    A doação de sangue

O sangue é produzido na medula óssea dos ossos chatos, vértebras, costelas, quadril, crânio e esterno. Nas crianças, também os ossos longos, como o fêmur, produzem sangue. Ele é composto basicamente por plasma, hemácias, leucócitos, plaquetas e fatores de coagulação.
A doação de sangue representa um processo de fundamental importância para o funcionamento de um hospital ou centro de saúde. Para doar, o cidadão precisa levar um documento de identificação e preencher um cadastro. Depois, faz um teste para ver se está com anemia. Basta um furinho no dedo para determinar o hematócrito (quantidade de hemácias no volume total de sangue) e saber se está em condições de fazer a doação. O passo seguinte é uma entrevista chamada triagem clínica, cuja finalidade é avaliar os antecedentes patológicos e os possíveis fatores de risco daquele candidato à doação. Essa entrevista é baseada numa portaria, uma legislação que rege a doação de sangue no Brasil.
São pré-requisitos para doar sangue: ter entre 18 e 65 anos; pesar mais de 50 quilos; não ter tido Doença de Chagas ou contato com o inseto Barbeiro; não ter contraído malária e nem ter visitado estado ou região com registro da doença nos últimos seis meses; não ter sido infectado pelos vírus ou bactérias causadores da hepatite e de doenças sexualmente transmissíveis; não ser epilético; não ter doado sangue há mais de 60 dias, no caso dos homens, ou 90 dias em se tratando das mulheres; não ter ingerido bebida alcoólica nas 24 horas que antecedem a doação; ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24 horas antes de comparecer ao hemocentro e, para as mulheres, não estar grávida e nem ter sofrido um aborto nos últimos três meses.
Após a doação, alguns cuidados básicos precisarão ser tomados, a exemplo de beber bastante líquido nas primeiras seis horas e alimentar-se normalmente; não fumar nas primeiras duas horas e não praticar esportes radicais ou exercício físico acentuado em até 12 horas.