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O beijo de Nilton Santos
Como todo bom brasileiro, Nilton Santos tem duas paixões na vida, futebol e mulher. Por ter nascido em 29 de junho de 1958, dia em que o Brasil tornou-se campeão mundial foi batizado com o nome, Nilton Santos Silva, em homenagem ao grande “back” Nilton Santos. Ele sabe tudo sobre Copa do Mundo, conhece a história dos mundiais na ponta da língua, nessa época não tem outro assunto. Encontrei-o em caminhada matinal na praia da Jatiúca, não perdeu a oportunidade, explanou sua opinião sobre a Copa do Mundo no Brasil. Tem convicção, será a Copa inesquecível, mesmo que o Brasil perca. O brasileiro, independente da política, mostrou capacidade de organização, alegria, bom humor e uma exuberante diversidade da cultura popular, o Brasil vive uma festa. Nilton feliz da vida, assistiu todos os jogos pela TV. Se o Brasil for campeão, será um arraso!
Ele calou-se quando uma jovem dentro de um short curto, generoso, nos ultrapassou caminhando em nossa frente tal como uma égua bonita. Nilton achou-a parecida com Aninha, ex-secretária, confessou-me, ama Stella, a esposa, entretanto, gosta de pular a cerca com alguma garota nova. Não quer amante, dá complicação, prefere garotas de programa. Paga mais pela discrição, pelo descompromisso, pelo silêncio que pelos carinhosos serviços prestados. Certa vez teve um caso com essa Aninha, sua secretária. A jovem insistente não o largava, estava ficando indiscreta, queria mais tempo e dinheiro, precisou muita grana para afastá-la do caminho. Foi um problema por muito tempo, só resolveu com um acordo monetário. Nilton jurou nunca mais ter amante, sai muito caro. Tem na agenda telefones de mulheres disponíveis. Para evitar problemas, grava o nome masculino correspondente de suas preferidas. Paulinha, por exemplo, gravou Paulo no celular.
Continuou a conversa, contou-me, segunda feira passada ele armou um esquema para assistir Brasil x Camarões com Paulinha. A esposa e filhas haviam marcado o jogo na casa de um irmão com direito à festança de São João, Nilton negou-se, muita agitação, disse que assistiria ao jogo na casa do Samuel, um amigo vidrado em futebol, os dois sozinhos, ninguém perturbando, gostava de ver detalhes das jogadas. Depois do almoço ele vestiu a camisa amarela, cueca branca, bermuda azul, sandália preta, foi apreciar o movimento da cidade. Mais tarde encontraria a família na festa do cunhado, comemorar a vitória e o São João.
Houve um problema, Paulinha estava com a mãe doente, telefonou, não dava para acompanhá-lo, uma pena. Nilton tentou algumas da agenda do celular, todas com compromisso. Passou numa banca de revista, comprou jornal, apelou para os classificados. Ao ler na coluna de acompanhantes o nome Penélope, gostou, pensando na Penélope Cruz, telefonou, acertou com a moça mandou pegar um táxi até o motel.
Nilton estacionou o carro, entrou no apartamento, gostou da promoção do motel. Além da enorme televisão, papéis verde e amarelo faziam a decoração. Colocou uma dose de uísque, ligou a televisão, assistir as notícias.
Logo tocou o interfone, Nilton Santos ficou encantado ao abrir a porta, deslumbrou-se, mulher bonita, alta, olhos amendoados, boca carnuda que nem a Angelina Jolie, acertou com o taxi buscá-la no final do jogo. O mulherão sentou-se no sofá pediu licença, acendeu um cigarro. Ele notou alguma coisa estranha na voz rouca daquela linda mulher, pensou, é cigarro. Foi quando iniciou o jogo do Brasil, Nilton Santos grudado na televisão prestando maior atenção, torcia desesperadamente quando ela se achegou de banho tomado, cabelos molhados, enrolada numa toalha, juntinha ficou. No segundo gol de Neymar, durante a vibração, ele beijou os grossos lábios de Penélope. Ao acabar o primeiro tempo ela deitou-se, de bruços, Nilton não resistiu, deu um pinote por cima. O intervalo durou 10 minutos. Mais relaxado assistiu a nervosa vitória de 4 x 1. Fim de jogo, no momento dos abraços notou alguma coisa esquisita em Penélope, não conseguiu segurar a surpresa quando percebeu, saiu o grito inesperado:
“- Você é homem!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”
Depois de momentos de discussão, Penélope pegou o jornal, mostrou nos classificados, estava escrito: “Penélope, linda bi, passiva ou ativo.” Nilton não quis confusão, pagou o acertado, incluindo o taxi de volta. Tomou banho, vestiu-se, dirigiu-se à casa do cunhado. Durante a festa Penélope não saiu de sua cabeça.
Nilton Santos admitiu, não consegue esquecer aquela mulher, aliás, aquele homem, sente o hálito de sua boca, toda noite sonha, Penélope olhando em seus olhos, sorrindo, sente nos lábios os beijos molhados. Está com medo, pensa ir a um psiquiatra. Tem uma certeza, nos próximos jogos estará sentado comportadamente na poltrona em sua casa, disse-me com convicção. Só terminou a conversa, a confidência, quando atravessou a rua.
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