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Boicote a candidatura de federal foi a causa do rompimento de Júlio e James

11/07/2014
Boicote a candidatura de federal foi a causa do rompimento de Júlio e James

DSC_0095O fato político da semana em Palmeira dos Índios foi o rompimento do vereador Júlio César (PSDB), agora ex-líder do governo James Ribeiro (PSDB), do grupo que integrava desde a juventude.
Em carta dirigida à imprensa, o vereador tucano expôs as feridas da relação com o também prefeito tucano de forma educada, porém não deixou claro quais eram as reais divergências com o grupo político que ajudava a liderar.
A saída de Júlio César dividiu opiniões na cidade sobre o motivo que teria levado o edil a tomar a atitude de romper com o grupo político do qual faz parte também o deputado-estadual Edval Gaia Filho (PSDB).

Após a divulgação da carta onde revela a insatisfação, divergências ideológicas e políticas que motivaram sua decisão, Júlio utilizou a tribuna da Câmara no mesmo dia (09), para reforçar sua argumentação: “Penso diferente por isso estou saindo. Trilharei um novo caminho”.

Alguns assessores da prefeitura chegaram a afirmar que o rompimento de Júlio com James e Val Gaia teria sido provocado pela exoneração de sua irmã Ana Lúcia de um cargo que ocupava na Secretaria de Saúde.

Sobre o tema, a reportagem da Tribuna do Sertão, após a sessão, conversou com o vereador Júlio César e o presidente da Câmara Vereador Salomão Torres, também vereador tucano.

Júlio reafirmou que houve divergências políticas e ideológicas e, mesmo estando há muitos anos com o grupo, chegou o momento em que ele começou a discordar de certos posicionamentos do prefeito.

No entanto, César afirmou que a ideia de estar fora do grupo já estava sendo amadurecida há algum tempo, mas foi a “retaliação” do PSDB local com relação a sua possível candidatura ao cargo de deputado federal que o levou a romper com o grupo.

“Eu sei que nesse grupo eu nunca teria chances de crescer politicamente. A saída de Alexandre Toledo da esfera de federal seria uma oportunidade para que o partido trouxesse novos nomes para concorrer nas próximas eleições. Eles nunca me chamaram para ouvir meu posicionamento, mesmo havendo rumores positivos com relação ao meu nome para concorrer a uma vaga na bancada federal”, revelou o vereador.

No que diz respeito a sua atuação como representante do governo na Câmara Municipal, Júlio disse que vinha tendo dificuldades para resolver as coisas que ele considerava importantes para a população palmeirense, e isso estava deixando-o frustrado, pois não estava tendo espaço para trabalhar. E por isso, ele seria hoje contra o governo municipal que, segundo o edil, precisa melhorar suas políticas públicas, principalmente nas áreas da saúde, educação e com os seus servidores, afirmando ainda que teve sua candidatura “boicotada”, por seu próprio grupo.

“Não tenho vocação para ser um inocente útil. Aprendi com meu pai a ser um homem com postura, decisão e atitude. Tomarei agora uma postura independente. E mesmo quando estava como líder do governo, tomei posicionamentos contrários ao governo, como por exemplo, quando houve a greve dos professores no ano de 2013. Tenho uma relação fraternal com o grupo. Reconheço o quanto recebi, mas também o quanto me doei. Tomei essa decisão e não tem nada, nem ninguém, que me faça voltar atrás, pois, para mim tudo já está decidido”, finalizou veementemente o vereador Júlio César (PSDB), que disparou: “onde o grupo dos Gaia e Ribeiro estiver, estarei do outro lado, longe”.

DSC_0086Já Salomão Torres (PSDB) lamentou: “Júlio agora na oposição será ruim para nós. Mas, também vai ser muito ruim para ele”.

“Ele diz que rompeu com o grupo, mas como pode ele se declarar opositor de um grupo que tem, por exemplo, o ex-conselheiro Edival Gaia que ele beija na cabeça e o chama de pai. Eu não entendo como, de uma hora pra outra, ele muda de opinião desse jeito. Eu acredito que isso tenha sido apenas interesse pessoal, pois, ele não tinha motivos para romper com o grupo”, destaca.

Ao ser indagado se havia indícios de que o vereador tomaria essa decisão, Salomão afirmou: “Para mim foi uma surpresa a atitude do vereador. Até porque ele disse que se doou ao grupo, mas, o grupo também se doou a ele, e vice-versa. E digo ainda, ele foi favorecido em vários aspectos. Edival sempre ajudou ele, politicamente, na vida pessoal, financeira, enfim, Júlio recebeu todas as ajudas possíveis. Inclusive, eu já presenciei ele dizendo que tudo na vida dele ele devia a ajuda que Edival Gaia ofereceu. Tenho certeza que hoje os dois lados perdem com essa decisão”, analisou.

Segundo Torres, o vereador Júlio César chegou na Tribuna da Câmara dizendo que o coração dele pedia que ele hoje trilhe outro caminho, por isso, iria romper com todo o grupo. Dizendo ainda que não era mais líder do governo, mas que não faria oposição e sim uma carreira independente. Fato que deixou todos sem entender exatamente a colocação, pois, em seguida, o próprio Júlio fez questão de dizer que não compactuava mais com atitudes do atual governo, principalmente no que diz respeito a forma de lidar com os servidores públicos do município.

“Acredito que, diante de todas as oportunidades dadas, Júlio não foi sensato em ter saído do grupo que sempre o apoiou”.

Com relação a possibilidade do Vereador tucano querer retornar ao “ninho”, Salomão disse que acreditava que eles o receberiam de volta, e, na sua opinião o melhor para Júlio teria sido continuar no grupo onde ele tem uma história política.

jamesrcJames Ribeiro diz que foi pego de surpresa e não tinha força para cortá-lo

O prefeito de Palmeira dos Índios, James Ribeiro (PSDB) disse por telefone à reportagem que foi pego de surpresa com a decisão do vereador em sair do seu grupo. No que diz respeito ao fato de Júlio César se sentir “cortado” para a disputa como deputado federal, Ribeiro disse que esse assunto compete ao partido regionalmente e não a ele, por isso, não teria “força” para essa decisão.
Já com relação ao fato de Júlio César ter argumentado que não estava tendo oportunidade de crescer politicamente, James disse que a declaração não condiz com a verdade, pois ao assumir como prefeito do município deu demonstração de que as indicações de Júlio César foram ouvidas, citando como exemplo a nomeação da esposa de Júlio como secretária de saúde municipal logo no início do seu primeiro mandato.
“Neste momento estou empenhado em colocar em prática os projetos do nosso governo, por isso, não estou pensando no fato do vereador ser oposição ou não. Júlio sempre terá meu respeito e amizade, mas não posso afirmar que ele tenha tomado a decisão correta. “Estou preocupado com as obras do município, não com a posição de Júlio César”, declarou o prefeito.

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