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Ciclo junino
A natureza ao modelar o ser humano, o fez essencialmente sociável e consequentemente, festeiro. Os agrupamentos primitivos levaram o homem a organizar as primeiras festas, como protótipo dos grandes eventos que marcariam a história. As festas juninas foram trazidas para o Brasil, mormente o Nordeste, pelos frades franciscanos que encontraram na região um terreno fértil, que cresceu e originou peça fundamental do folclore brasileiro, enquanto os escravos trouxeram as iguarias da África que se coadunaram muito bem com as festas juninas, cujo ciclo, abre no dia 13 de junho dedicado a Santo Antônio, estendendo até o dia 29 do mesmo mês com o dia dedicado a São Pedro, porém o ponto alto da festa junina é o São João, 23 de junho, entretanto cidades, capitais nordestinas esses festejos são prolongados dada a animação do povo. Os festejos juninos no Nordeste tomaram uma dimensão muito grande notadamente, quando as músicas nordestinas tocadas pela sanfona, instrumento musical criado em 1827, na França, e no Nordeste se notabilizou com verdadeiros artistas a exemplo do Gonzagão, Marinês e sua gente, Jackson do pandeiro, Trio nordestino, Jacinto Silva, com seu estilo sincopado e tantos outros nomes que imortalizaram a verdadeira música nordestina originando o baião, xote, coco de roda, e tantos outros ritmos que imortalizaram seus autores, caindo na boca do povo como verdadeiro hinos, e que muitos perderam sua identidade, passando para o domínio público, face suas letras associadas à melodia dentro de uma harmonia tão bonita quanto bela retratando tão bem sua gente, seus costumes, sua cultura popular. E as fogueiras? Essas acompanharam a história dos migrantes europeus e africanos, como peças fundamentais da cultura, que saiu do meio do povo e chegaram às universidades como cátedra, sendo uma cultura estudada, hoje, a nível de universidade.
O entusiasmo do sertanejo nos festejos juninos é contagiante, esbalda-se nas bebidas e guloseimas próprias da época. As músicas com letras evocativas, sempre exaltando a figura lendária do vaqueiro no ciclo do gado e o amor da filha do fazendeiro pelo vaqueiro, tido como proibido.
Há! Prezado leitor, grande parte do que ora escrevo se constitui peça de um passado distantem, quando não haviam as músicas apelativas entremeadas de pornografia, porém hoje tudo mudou o São João, o ciclo junino, grande parte está descaracterizado com as famigeradas “bandas de forró” a começar pelo próprio nome da banda. As verdadeiras músicas nordestinas, cantadas por vocalistas sem voz e sem ritmo, acabam assassinando as músicas tirando-lhes a beleza e a harmonia, enquanto a moçada dança a noite inteira, “e a madrugada chega e a festa tem fim, ninguém sabe o que fez, ninguém sabe o que faz, e a festa termina amargurada por ser tratada assim” (trecho de uma letra musical de Adelino Moreira- adaptação).
Lamentavelmente o ciclo junino está fadado a desaparecer como autenticidade de suas raízes, porque os grandes sanfoneiros com suas belas vozes são preteridos pelas pseudas bandas de forró que só visam o lucro, pouco importando a qualidade, o conteúdo das músicas, num estardalhaço acima dos decibéis normais que agride os ouvidos das pessoas e que certamente, dentro em breve, poderá se ter uma plateia de surdos.
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