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Mestre Claudeonor preserva a arte penedense de esculpir santos
O ofício de santeiro se encarrega da arte de esculpir imagens de santos em madeira. Esta tradição centenária, em Penedo, segue viva através das mãos do escultor, pintor, desenhista e restaurador Claudeonor Teixeira Higino, que entrou para o Livro do Registro do Patrimônio Vivo este mês e recebeu o título em solenidade na noite dessa quarta-feira (20).
Nascido na cidade de Neópolis, em Sergipe, Claudeonor chegou a Alagoas com apenas 2 anos de idade para residir no município de Penedo. Desde a infância, teve contato com a arte de entalhar santos, observando o trabalho do padrasto, José Vécio dos Martyres, que é filho do mestre Cesário Procópio dos Martyres. Segundo Higino, mestre Cesário oi quem criou a imagem do Bom Jesus dos Navegantes, padroeiro da cidade.
“Cresci observando o trabalho do meu padrasto e comecei a me interessar pelas formas ainda menino, manuseando argila”, relatou. Aos 15 anos de idade, Claudeonor já criava desenhos e cartazes, mas foi em 1977 que deu início à sua trajetória profissional, quando se inscreveu em uma oficina promovida pelo mestre Antônio Pedro dos Santos, tornando-se, então, seu discípulo.
O mestre também é formado pela Escola de Santeiros de Penedo, graduado em Letras pela Faculdade de Formação de Professores de Penedo e membro da Academia Penedense de Letras, Artes, Cultura e Ciências.
Em 1979, o mestre começou a esculpir suas próprias obras. “Foi nessa época que comecei a desenvolver esculturas tridimensionais em madeira”, relembra. De lá para cá, a produção cresceu e se destacou: suas obras estão espalhadas pelo Brasil, em países da Europa e nos Estados Unidos.
Entre as diversas esculturas sacras de Nossa Senhora, São Francisco e outros santos, Claudeonor destaca as obras ‘Retrato em Branco e Preto de Tereza Kümmer’ (pintura) e a ‘Canoa de tolda’ (escultura), uma réplica em miniatura da embarcação típica do baixo São Francisco.
Com inspiração em técnicas do século 18, herdadas da Escola de Santeiros de Penedo, ele imprime seu próprio estilo nas peças, com traços e expressões peculiares. “Apesar das técnicas que aprendi terem base nas escolas de belas artes portuguesa, alemã e italiana, as esculturas que faço trazem as características e traços da fisionomia do povo do brasileiro, nordestino e, em especial, do alagoano”, explicou.
No dia 13 de agosto, o santeiro foi reconhecido pelo Estado de Alagoas como mestre da cultura popular alagoana, por meio do Registro de Patrimônio Vivo de 2014. “Ser santeiro para mim é uma inspiração de vida. O ofício vem de uma tradição que não pode desaparecer”, afirmou.
Mestre Claudeonor Higino, além de manter a tradição por meio de sua arte, tem a preocupação de repassar os conhecimentos. Ele já realizou oficinas de Santeiros em Penedo, formando dezenas de pessoas da comunidade. “Sempre que posso realizo essas oficinas com cerca de dez alunos por turma. Mas é no dia a dia aqui mesmo no meu ateliê que repasso meus conhecimentos àqueles que têm interesse e me procuram”, declarou.
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