Artesão há mais de 50 anos, Pedro Cassiano dos Santos pode gastar dias inteiros contemplando um tronco de jaqueira, principal matéria-prima das formas que esculpe. Pedrocas, como é conhecido, se tornou Patrimônio Vivo de Alagoas em 2013, mas o trabalho que desenvolve já chegou a diversos lugares do país.

“Faço minhas peças de acordo com o que cada bloco de madeira pode me dar. É o equilíbrio entre o fazer, o querer e o realizar”, explica o mestre, que começou a se interessar pela arte de esculpir ainda criança, quando moldava formas em batatas e macaxeiras, influenciado pelo trabalho em argila realizado pela mãe.

Com 20 anos de idade, criou sua primeira peça única, isto é, uma escultura sem emendas. Foi nesta época, na década de 1970, que se consagrou como artista plástico, quando dava aula de artes na escola Pequeno Príncipe, em Arapiraca.“Já ensinei muito em sala de aula. Continuo a passar minhas técnicas, principalmente os trabalhos com argila, coco, talha, gesso e pedra, em oficinas e palestras por todo o estado”, conta.

Uma das esculturas mais famosas do acervo é o Matrimônio, uma peça única com 66 articulações em um bloco de cerejeira. Avaliada em R$ 15 mil, a obra é repleta de simbolismos que formam, segundo o mestre, uma “filosofia”. Muitas peças são acompanhadas de poemas compostos por ele, que dão sentido às formas.

Hoje, mestre Pedrocas é referência no artesanato alagoano. Aposentado, o artesão dedica todo o tempo a pedaços de madeiras, cocos, pedras e resinas no ateliê em Rio Largo. Além de participar de eventos, como feiras e exposições, Pedrocas vende as peças para colecionadores e lojas de decoração.