Política

Júlio César: ‘Sei o que é ver portas fechadas por causa do tom da minha pele’

30/09/2014
Júlio César: ‘Sei o que é ver portas fechadas por causa do tom da minha pele’

  300914_Debate na Casa  da Mae Miriam (7)  O candidato do PSDB ao governo de Alagoas, Júlio Cezar, participou do debate promovido pelo Instituto Raízes de África, nesta terça-feira, 30. Na ocasião, o enfrentamento ao racismo pautou a discussão. “O artigo 5º da Constituição Federal considera o racismo um crime inafiançável, mas isso ainda não é suficiente! Precisamos de um trabalho de políticas públicas que dê garantias aos negros. Eu sou o único candidato negro dessa eleição, e sei o que é ver portas fechadas por causa do tom da minha pele”, disparou Júlio Cezar.
Questionado sobre os casos de racismo entre agentes policiais que vitimam milhares de negros todos os dias, o tucano lamentou que “as respostas policiais não sejam daltônicas, dada a quantidade de negros enquadrados e presos de forma arbitrária neste país. Eu mesmo tive um irmão que foi morto assim”, e voltou a defender a correção de desequilíbrios históricos e geração de oportunidades.
“Só o fato de eu ser negro não me legítima a assumir o governo desse Estado. Mas a escada que me trouxe até aqui foi a universidade, que eles me negaram, mas eu conquistei. Existe em Alagoas uma hegemonia tradicional, paroquial e feudal, que só muda se a gente mudar efetivamente quem comanda o estado. É uma mudança de paradigma, mas é também uma mudança de gestão”, avalia.
Ainda no que tange a segurança pública, Júlio Cezar criticou candidatos que prometem que as decisões da Pasta sairão do gabinete do governador. “É o que mais temo! É assim que nasce a ingerência, as indicações políticas de delegados etc. Não podemos permitir que o tempo da ingerência volte a Alagoas. A Segurança tem que ser coordenada por um técnico da área”.
“Sou contra o loteamento político. Entregar a Saúde para um deputado é uma tragédia anunciada. E tem candidato que loteou tudo, já negociou todas as Pastas. Já vazou quem vai ser o novo secretário de Segurança, o novo comandante da polícia militar. Isso tem que acabar”, defendeu.

    AUSÊNCIAS SENTIDAS

O debate do Instituto Raízes de África contou com a presença de Júlio Cezar (PSDB), Golbery Lessa (PCB) e Mário Agra (PSOL). A ausência dos candidatos que não compareceram foi sentida e comentada pelos presentes. “Eles estão fugindo de todos os debates, e só aparecem nos televisionados”, lançou o pessolista, que teve seu discurso endossado por Júlio Cezar: “E digo mais, Mário. Eles não estão aqui por não terem compromisso nenhum com as minorias”.