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Rio de Janeiro – Flamengo – Rua São Salvador, 30 -Apartamento 103
Em março de 1965, desincompatibilizei-me da Secretaria da Fazenda, com o propósito de disputar a Prefeitura de Maceió.
Contava com o apoio do grupo jovem do secretariado do Governador Luis Cavalcante e, praticamente, com a totalidade do entusiasmo da esmagadora maioria de meus colegas da Prefeitura da Capital.
O objetivo, era me afastar das naturais intrigas que precedem o envolvimento de uma candidatura majoritária.
Lincoln Cavalcante conseguiu, para mim, um estágio no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômica e Social.
Hospedei-me no apartamento de Cláudio Oiticica, no Flamengo, uma quitinete, na Rua São Salvador, 30, apartamento 103.
Vivi momentos maravilhosos. A colônia alagoana era bastante unida, no Rio de Janeiro. Roberto Mendes era o Presidente da Associação de Alagoas. Tínhamos um relacionamento muito frequente, principalmente, na zona sul. Flamengo, Copacabana e Ipanema eram nosso universo. Rara era a noite em que não se organizava um programa, esportivo ou social.
A Cinelândia, centro nervoso da cidade, era nossa vitrine. O escritório de Alagoas, no Edifício Avenida Central, era nossa base. Vivíamos intensamente.
No edifício, defronte a nosso apartamento, morava um coronel reformado do Exército a quem, em tom de brincadeira, mas, com afeto, nós o promovemos a General. Ele permanecia em sua residência praticamente o dia inteiro, o que lhe proporcionava uma visão muito intensa do que estava acontecendo em nossa quitinete. Várias vezes ele nos surpreendia com um sorriso contemplativo daquilo que, imaginávamos ser “brincadeiras da juventude”.
Um pequeno grupo de alagoanos, que residiam em torno do Largo do Machado, frequentava com muita assiduidade, o apartamento de Cao. Era um viver com muita intensidade.
Edson Frazão, João Moura, Ciridião Durval, Luciano Jatobá, Esdras Gomes, Sérgio Nobre, Carlos Eugênio, Wagner Novais e Murilo Mendes, quando se encontravam no Rio, assumiam ares de proprietários do apartamento. Cao, com sua benevolência, dividia a moradia com generosidade. Não faltavam um bom whisky, e nem uma boa música.
Outro grande ponto de apoio era o flat de Caio Porto e de João Teixeira, na Avenida Copacabana. Caio, um grande jogador de voleibol, era o atleta perfeito, frequentava uma rede, no Posto Quatro. Raro era o sábado e domingo em que ele, com sua simpatia e aparência física, não conseguia atrair duas ou três garotas para nos acompanharem no almoço com seus naturais desdobramentos.
Foi uma fase inesquecível, para todos nós. Ainda hoje, quando nos encontramos, sempre relembramos aquele maravilhoso período, quando éramos jovens e vivemos a vida em plenitude.
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