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Relatório da ONU afirma que Estado Islâmico tem combatentes de mais de 80 nacionalidades e muito dinheiro
Um relatório do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), obtido pelo jornal britânico The Guardian, constata que somente neste ano 15 mil estrangeiros viajaram à Síria e ao Iraque para lutar ao lado do Estado Islâmico (EI) e grupos extremistas semelhantes.
“Eles vêm de mais de 80 países”, afirma o relatório, incluindo de “nações que não tenham enfrentado desafios relacionados com o terrorismo”. O texto também alerta que os jihadistas estrangeiros estão chegando ao Iraque e à Síria em “uma escala sem precedentes”.
O relatório não lista países que mais cedem combatentes aos jihadistas, mas nos últimos meses, novos militantes também têm vindo de lugares improváveis, como das Ilhas Maldivas, Noruega e Chile. “Há casos de combatentes estrangeiros da França, da Rússia, da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte que operam em conjunto”, afirma o texto, apontando que os simpatizantes do terror em solo europeu atuam em rede, organizadamente.
O texto feito por especialistas em inteligência do Conselho de Segurança é uma atualização sobre a propagação do terrorismo transnacional e valida a constatação de que o “núcleo do grupo Al Qaeda continua fraco”.
Mas o relatório sugere que o declínio da Al Qaeda produziu uma explosão de entusiasmo jihadista em suas organizações sucessoras, que hoje são ainda mais poderosas, principalmente o Estado Islâmico.
Essas organizações estão menos interessadas em ataques fora das suas fronteiras, ou contra alvos internacionais, que “permanecem uma minoria”, avalia o relatório.
O texto, porém, aponta que mais nações terão de enfrentar o desafio de combatentes experientes que retornam para seus países depois de lutarem na Síria e no Iraque – algo que os governos ocidentais temem e têm combatido, ampliando os controles sobre jovens que querem viajar ao Oriente Médio ou voltam da região.
Com apenas suas operações de contrabando de petróleo, o EI consegue receitas estimadas em 1 milhão de dólares (R$ 2,3 milhões) por dia.
O relatório também avalia que o EI tenha até 45 milhões de dólares (R$ 103 milhões) em dinheiro obtido com resgates de sequestros. Com esse montante de dinheiro, e com novos recrutas chegando incessantemente, o Estado Islâmico pode financiar suas ações no Oriente Médio “por muito tempo”, constata o relatório. Os jihadistas já controlam partes dos territórios do Iraque e da Síria que abrigam entre cinco e seis milhões de pessoas, uma população do tamanho da Finlândia.
Estados Unidos
Combatentes estrangeiros continuam entrando na Síria em um ritmo de pelo menos 1.000 por mês, uma quantidade que não diminuiu apesar da campanha liderada pelos Estados Unidos contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI), informou o jornal The Washington Post na sexta (31).
Os números sugerem que os ataques aéreos não foram eficazes em dissuadir os estrangeiros e também não fizeram com que aumentasse a quantidade de combatentes para contra-atacar o avanço jihadista, informou o jornal, citando funcionários da inteligência e antiterrorismo. A reportagem corrobora o relatório do Conselho de Segurança da ONU obtido pelo Guardian.
“O fluxo de combatentes que se dirigem para a Síria se mantém constante, por isso o número total continua aumentando”, afirmou um funcionário da inteligência americana, que falou em condição de anonimato com o jornal.
Esse fluxo permanente se explica nas sofisticadas campanhas de recrutamento por parte de grupos radicais na Síria, como os jihadistas do EI, do Khorasan e da Frente Nusra, e a relativa facilidade com que se pode viajar para o país a partir do norte da África, e Europa.
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