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Craveiro Costa
O cidadão contemporâneo, dispondo de todos os recursos que a moderna tecnologia oferece aos meios de transporte e rapidez das comunicações, dificilmente consegue imaginar os problemas enfrentados, em fins do século XIX e primeiras décadas do século XX, para se deslocar, mesmo dentro dos limites nacionais deste país continental, que é o Brasil.
Nascido em Maceió, a 22 de janeiro de 1871, João Craveiro Costa, um dos mais destacados nomes da cultura alagoana, aos 26 anos de idade, já atuante jornalista na imprensa local, entrou em rota de colisão com as forças dominantes e mudou-se para o Sudeste. Entre São Paulo e Rio de Janeiro residiu vários anos. Amainadas as contendas políticas, retornou ao Estado. Combativo e inteligente, mais uma vez sua privilegiada pena feriu interesses e teve de abandonar a terra natal. Optou pelo Norte do país. Residiu em Manaus. Ali, segundo registros da época, “novamente o jornalismo político levou-o a ter em perigo a própria vida, pelo que abandonou o Amazonas”.
Retornou, rapidamente, a Maceió para se casar. Com a esposa, Laura Guimarães Passos, de tradicional família alagoana, fixou residência no então Território do Acre. Escolheu a pequena cidade de Cruzeiro do Sul. Seu espírito aguerrido deixou marcas importantes na civilização do município, implantado em plena selva. Fundou a primeira escola e o primeiro jornal da região. Fez-se conhecido e respeitado. Era um líder.
Em 1922, O Governador Fernandes Lima convidou-o, oficialmente,para retornar a Alagoas. Preso às origens pelo sentimento, o coração falou mais alto. Voltou com armas e bagagens e aqui permaneceu até sua morte, em 31 de agosto de 1934.
Contador-Geral do Estado, Administrador da Recebedoria de Rendas, Diretor de Escola, Craveiro Costa, em Alagoas ou fora dela, sempre se destacou pela criatividade, idealismo e pertinácia. A força dos poderosos jamais o amofinou. O talento jornalístico que possuía marcou sua passagem, como redator, em vários órgãos de imprensa: O Correio Mercantil, A República, O Rebate, O Quinze de Novembro, O Correio de Alagoas e O Gutemberg foram alguns dos jornais onde atuou.
Pesquisador nato e apaixonado pelas coisas da terra, legou à posteridade um importante acervo de trabalhos históricos. Deixou diversos livros, ainda hoje atuais por trazerem o enfoque fidedigno de um homem de visão. O Fim da Epopéia, O Visconde de Sinimbu, Alagoas em 1931, História das Alagoas e Maceió são obras de consulta obrigatória para quantos queiram conhecer a realidade de alguns momentos históricos na vida de nossa província.
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, honrou a cadeira ocupada na Casa, onde, durante muitos anos, exerceu o cargo de Secretário Perpétuo, antes ocupado por outros ilustres alagoanos, como João Francisco Dias Cabral, Luiz Joaquim da Costa e Luiz Mascarenhas, e no qual foi sucedido por Luiz Lavennère e José Franklin Casado de Lima. O valor da privilegiada inteligência deste imortal de nossas letras deve ser permanentemente cultuado.
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