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Ferrari faz bonito e Force India surpreende após primeiros testes

26/02/2016
Ferrari faz bonito e Force India surpreende após primeiros testes
(Foto: Grande Prêmio)

(Foto: Grande Prêmio)

A primeira semana de testes coletivos da F1 em 2016 acompanhou até com certa surpresa o domínio da Ferrari, apesar do enorme salto de qualidade apresentado pelos italianos na temporada passada. A nova SF16-H é de fato um grande passo à frente e já dá para afirmar que a equipe italiana será uma pedra no sapato da Mercedes no campeonato que começa em 20 de março. Só que o quão grande essa pedra vai ser só saberemos em Melbourne. Isso porque os atuais campeões também evoluíram e muito, especialmente no que diz respeito à confiabilidade. Ao contrário da rival vermelha, a esquadra prateada não enfrentou qualquer problema nos quatro dias de atividades e esbanjou consistência, exibindo um desempenho de dar medo. O que se pode dizer depois desse início é que, de fato, os alemães vão novamente ditar o ritmo.

Voltando à Ferrari, então. Os italianos colocaram Sebastian Vettel para abrir a sessão de treinos na segunda-feira, um dia também marcado pelos lançamentos do RB12 da Red Bull, o VJM09 da Force India, o STR11 ainda sem pintura oficial da Toro Rosso e o MRT05 da Manor.

O dia 1 serviu já para mostrar o quão bem o time de Maranello se preparou para a temporada 2016. O tetracampeão priorizou a análise aerodinâmica, andando por muitas voltas com os esquisitos sensores instalados no carro #5. O ganho de quilometragem também foi algo que chamou a atenção no trabalho ferrarista.

Ao todo, Sebastian percorreu 69 voltas e virou na melhor delas 1min24s939, tempo registrado ainda durante o período da manhã, usando neste primeiro contato com a máquina italiana os pneus médios, identificados pela risca branca. Vettel andaria bem mais na sequência, quando se deixou experimentar os novos compostos ultramacios da Pirelli – o produto é a principal novidade da fornecedora italiana para esse ano e foi utilizado pelos times na terça pela primeira vez.

No segundo dia, Seb novamente conduziu os testes com a Ferrari, agora imprimindo um ritmo maior e mais constante também, avaliando os pneus mais macios da fornecedora de Milão, além da dedicação à análise das novas peças. Na estreia, então, dos pneus de marca roxa, o alemão voou na pista catalã. No fim da manhã, o ferrarista ainda ensaiou uma disputa com Daniel Ricciardo, que também testava com os pneus ultramacios, mas acabou levando a melhor ao registrar aquele que acabaria sendo o tempo mais rápido dos quatro dias de atividades: 1min22s810.

Neste mesmo dia — que teve como grande característica a alta quilometragem adquirida pelas principais equipes, que conseguiram superar a marca de 100 voltas —, Vettel ainda andou por 126 giros e não enfrentou qualquer contratempo, fazendo valer bem as horas dentro da SF16-H. Depois dos treinos, o tetracampeão fez uma avaliação positiva da performance inicial da Ferrari e entende que o carro tem grande potencial, acrescentando que, sim, a equipe terá chance de brigar mais de perto com a rival Mercedes.

Nos dois últimos dias de testes, a Ferrari colocou Kimi Räikkönen para finalmente andar com o carro vermelho, mas o finlandês teve menos sorte que o companheiro e enfrentou ao menos duas falhas entre quarta e quinta. No dia inicial, o nórdico mal pode guiar pela manhã devido a uma falha no sistema de combustível. Resultado: Räikkönen teve de passar quase todo o primeiro período nos boxes. À tarde, entretanto, foi à pista e conseguiu o segundo melhor tempo do dia e ainda saiu dizendo que a SF16-H já era melhor que o carro do ano passado.

Na sessão seguinte, foi a vez do campeão de 2007 usar os pneus ultramacios. O experiente ferrarista usou os compostos apenas pela manhã, cravou 1min23s477 esegurou a liderança até o fim do dia. Só que, assim como na bateria anterior, Kimi ficou fora de boa parte das atividades da tarde, também por conta de um problema mecânico. Agora, foi culpa de uma falha no radiador. Ao todo, a Ferrari andou por mais de 350 voltas ou 1.643 km, ocupando apenas a sexta colocação na tabela de distância percorrida entre as equipes.

Ainda assim, Räikkönen fechou a semana com a terceira melhor marca dos quatro dias, 0s6 pior que a de Vettel, com o mesmo tipo de pneu. Entre eles, ficou um impressionante Hülkenberg e seu novo VJM09 da Force India.

Falando então no alemão da equipe indiana, o vencedor das 24 Horas de Le Mans do ano passado acabou essa primeira bateria de treinos com a segunda melhor marca, conquistada no terceiro dia de atividades. Hülk foi o mais rápido o dia todo e alcançou 1min23s110 usando os pneus supermacios. O desempenho causou surpresa, mas foi rapidamente minimizado pelos indianos. O registro do piloto foi apenas 0s3 mais lento que o de Seb, com os ultramacios.

Na verdade, a esquadra de Vijay Mallya não deixou seus titulares estrearem o carro de 2016. Essa honra coube ao piloto de desenvolvimento Alfonso Celis, que andou nos dias 1 e 4 na Catalunha.

Ainda na estreia, o novato colocou a Force India em quinto na tabela, andando quase 2s pior que Vettel. Mas, no dia final de treinos, Celis melhorou consideravelmente, o que apenas deixou claro o acerto feito pelo time indiano com o novo carro. O mexicano terminou a quinta-feira com o terceiro tempo, fazendo uso dos supermacios. No geral, ainda conseguiu uma expressiva sétima colocação. O outro titular, Sergio Pérez, só pode andar na terça. No acumulado da semana, Pérez ficou com a quinta posição.

A Red Bull viveu uma semana bem menos tumultuada que no ano passado e pode mandar sem grandes problemas seus pilotos à pista na Catalunha. Daniel Ricciardo foi quem abriu os trabalhos com o RB12 na segunda-feira, quando andou por mais de 80 voltas. No segundo dia, o australiano superou facilmente a barreira das 100 voltas.

O chassi projetado sob a batuta de Adrian Newey novamente parece ser o ponto forte da equipe, que ainda sofre com a falta de potência do motor Renault, agora rebatizado de Tag Heuer. Na classificação, Ricciardo terminou a semana com a quarta marca mais veloz. O tempo de 1min23s525 também veio em cima dos pneus ultramacios na segunda sessão.

Daniil Kvyat teve a chance de andar com o novo carro austríaco nos dois dias seguintes e deu continuidade ao trabalho de Ricciardo. Ou seja, o negócio era ganhar quilometragem, aproveitando a aparente confiabilidade do RB12. O russo acaba a semana com a sexta melhor marca da tabela geral, graças ao tempo de 1min24s293, registrado na quinta-feira, usando também os compostos roxos.

A bicampeã Mercedes não se mostrou muito preocupada em tempos de volta nesta primeira semana de testes em Barcelona. Ao contrário, a equipe alemã concentrou seu trabalho em ampliar a confiabilidade do novo W07, que parece ter nascido muito bem e muito semelhante ao seu antecessor – ao menos, essa foi a impressão do tricampeão que vai guiá-lo neste ano. Mas o fato é que o desempenho dos prateados assustou a concorrência. E não é para menos. Nico Rosberg e Lewis Hamilton rodaram juntos 3.142 km em mais de 670 voltas, sendo o mais impressionante: o time não enfrentou problemas de nenhuma ordem durante os quatro dias de testes. Andou como quis, mas, assim como aconteceu no ano passado, a equipe não foi à pista com os pneus mais macios da Pirelli.

Hamilton foi quem primeiro andou com o novo modelo da Mercedes na segunda-feira. Fez o segundo tempo, quase meio segundo atrás de Vettel, mas completou sem grande esforço 156 giros. No dia seguinte, foi a vez do maratonista Nico Rosberg, que fez ainda mais e completou nada menos que 172 passagens pelo traçado espanhol. Depois disso, o time alemão decidiu mudar a programação e colocou Nico e Lewis para dividir o W07 – manhã e tarde – nas duas sessões finais. E no dia final, o time campeão do mundo ainda testou um novo bico, dotado de um duto frontal em S, além de um novo aerofólio.

Na lista geral, não que muito importante, mas Rosberg ficou com o oitavo posto, enquanto Hamilton terminou apenas em 12º.

A Sauber foi a única equipe do grid que não levou seu carro novo para a Barcelona nesta primeira semana. Os suíços fizeram Marcus Ericsson e Felipe Nasr guiarem o C34, com o objetivo de coletar dados para o carro de 2016, que só estreia na semana que vem. Os testes foram exaustivos para ambos, que passaram os quatro dias avaliando peças aerodinâmicas e pneus. O sueco, que andou nos dois primeiros dias, concluiu a sessão com o nono melhor tempo no geral, fazendo uso dos pneus macios. Já Nasr ficou apenas com o 17º registro, também usando os pneus amarelos.

Kevin Magnussen conseguiu colocar a Renault com o décimo melhor tempo da tabela geral dos testes. Mas o início da semana da montadora francesa, que volta à F1 com equipe própria, não foi dos mais fáceis. O time enfrentou problemas de confiabilidade e pouco andou nos dois primeiros dias, quando tinha ao volante do R.S.16 o inglês Jolyon Palmer. O novato pode completar apenas 79 voltas e ficou com o 19º na tabela acumulada. O motor foi o grande vilão deste início de trabalhos.

Nas duas sessões seguintes, entretanto, Magnussen conseguiu dar quilometragem ao modelo gaulês, ainda que tenha enfrentado pequenos contratempos nos dois dias. No total, o jovem dinamarquês percorreu 264 voltas, mantendo-se sempre entre os ponteiros da folha de tempos. Nesta primeira semana, a esquadra também optou por andar apenas com os pneus médios e macios.

A Toro Rosso surgiu discreta nesta primeira semana de testes, ainda sem pintura oficial, mas deixou claro que possui um carro forte e um bom motor Ferrari que pode colocá-la mais para frente na briga no pelotão intermediário. A equipe de Faenza seguiu um pouco o cronograma da Mercedes, evitou os pneus mais macios da Pirelli, andou com os médios e priorizou a confiabilidade do STR11. Max Verstappen foi o melhor da jovem dupla de Franz Tost, ficando com o 11º, enquanto Carlos Sainz foi o 20º.

A novata Haas foi outra que surpreendeu. Com Romain Grosjean e Esteban Gutiérrez dividindo o cockpit nesta semana, a equipe norte-americana tomou apenas um susto ao longo dos quatro dias de testes. Na manhã da sessão que abriu os trabalhos, a asa dianteira do VF-16 se soltou no trecho em que os carros alcançam a maior velocidade no circuito catalão. O francês conseguiu parar sem maiores problemas, e a equipe passou a investigar o incidente, garantindo mais tarde que tudo havia se resolvido.

De qualquer forma, o primeiro contato do novo time com a F1 transcorreu sem maiores problemas. Na soma, a Haas percorreu 1.308 km e completou 281 voltas, ficando à frente da McLaren e da Manor nestes quesitos. Já na folha geral de tempos, Gutiérrez foi mais rápido que Grosjean, que chegou a ser segundo no terceiro dia, e obteve a 13ª marca, duas posições melhor que o companheiro de equipe, usando os mesmos pneus, no caso, os macios.

Já a Williams não viveu a melhor semana de pré-temporada, embora não tenha sofrido problemas graves — e isso se configurou em um motivo de preocupação. O time de Grove colocou o FW38 na pista de Barcelona na segunda-feira com Valtteri Bottas ao volante. O finlandês dedicou a sessão inicial à aerodinâmica e confiabilidade, completando nos dois dias 214 voltas. O desempenho não deixou o nórdico tão entusiasmado assim.

Felipe Massa, por sua vez, assumiu o carro nas duas baterias finais. Na quarta-feira, tentou entender as mudanças e as melhorias, andando também por mais de 100 giros. Na quinta, entretanto, o brasileiro deu pouco mais de 50 voltas, também testando componentes aerodinâmicos. No acumulado geral das marcas, Bottas fechou a semana em 14º. Massa foi o 21º.

A Manor foi capaz de colocar Pascal Wehrlein na 16ª colocação da tabela geral. O alemão, campeão do DTM, andou nos dois primeiros dias e acumulou até um número decente de voltas: 125. O carro inglês não apresentou grandes falhas ao longo das sessões, mas o trabalho da equipe acabou mais cedo depois do acidente que sofreu Rio Haryanto na quinta à tarde, quando escapou da pista e foi parar na barreira de pneus da curva 5. Esse, aliás, foi o único incidente mais sério da semana, em uma fase de poucas bandeiras vermelhas.

Por fim, a McLaren Honda. A equipe inglesa foi novamente a decepção dos testes, muito embora tenha deixado uma boa impressão nos dois primeiros dias, quando conseguiu imprimir um ritmo constante e acumular quilometragem com o MP4-31. Jenson Button e Fernando Alonso andaram por mais de 200 voltas. Só que, depois disso, o motor Honda começou a apresentar problemas novamente.

No terceiro dia de testes, Button ficou boa parte da sessão nos boxes. Isso por conta de uma falha do sistema hidráulico da unidade japonesa. Ainda assim, o inglês foi capaz de andar por 50 giros. Já o bicampeão espanhol não teve a mesma sorte. Um problema no sistema de refrigeração do motor o deixou de fora de toda a sessão de quinta. Alonso percorreu apenas três voltas antes que o dano fosse detectado.

A F1 volta na semana que vem com a segunda e última sessão de testes coletivos de 2016, também em Barcelona, na Espanha.