Política
Wladimir Costa diz não temer a ‘lista de Eduardo Cunha’
O voto do deputado Wladimir Costa (SD-PA) no Conselho de Ética surpreendeu adversários e aliados de Eduardo Cunha. Ele contou ao GLOBO que, pouco antes da votação, avisou à bancada do Solidariedade, por WhatsApp, que não ajudaria o peemedebista. Nesta entrevista, disse que “não poderia pagar a fatura” no lugar do acusado, a quem “não deve nada”, e reforçou que tem controle sobre o próprio voto.
Por que o senhor mudou o voto na hora H?
Não tem hora H, uma coisa é orientação partidária, outra é o meu voto. O (Carlos) Marun (PMDB-MT) pediu para eu fazer o encaminhamento (contra o relatório aprovado), mas o meu voto é meu, e, cerca de duas horas antes da votação, tive a elegância de comunicar o partido no grupo do WhatsApp do Solidariedade, onde está o Paulinho (da Força), dizendo que não tinha condições. São muitos fatos novos, a questão do Banco Central, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo mais indiciamento. Já não era mais só a questão da suposta mentira, foi um emaranhado de acontecimentos que vieram implodindo, não me sentiria confortável. Sem fazer proselitismo barato, muita gente está com medo da suposta lista do Eduardo Cunha, onde ele diz que, se for cassado, vai entregar 150, 200 nomes. Mas, se eu tivesse medo de ser citado nessa lista, não votaria contra. Não houve mudança repentina de opinião nem fui induzido a nada por causa da Eron. Vinte e quatro horas antes decidi que votaria contra Cunha.
Eles responderam a mensagem?
A bancada do Solidariedade toda achou que fui correto. Ainda não ouvi o Paulinho, mas os demais colegas estão dizendo que foi correto e coerente e que, no meu lugar, fariam a mesma coisa.
O Paulinho disse a deputados que foi pego de surpresa…
Só se ele não leu a mensagem no WhatsApp, mas nós somos tão poucos, e ele é bastante assíduo no grupo. Pensei na questão matemática: o que o meu voto valeria ali depois do da Tia Eron? Só ia dar o sabor de votar para o José Carlos Araújo, presidente do Conselho. O meu voto não o salvaria mais.
Cunha ficou irritado com a mudança do seu voto.
É um problema pessoal dele, não devo nada ao Cunha. Lamento profundamente que o colega esteja nesse calvário, mas cada um que faz o seu mingau que beba. Se ele fez o mingau dele, que beba sozinho, não leve ninguém. Não foi minha mulher gastando US$ 1 milhão com sapatos e roupas de grife. Não sou eu que tenho que pagar essa fatura, é ele. Óbvio que ele deve ter ficado muito aborrecido, mas não posso fazer nada. Por que eu tenho que pagar pelo aborrecimento dele? Lamento, mas votando a favor dele eu ia pagar um preço moral, político, e tudo por conta de crimes supostamente cometidos por Eduardo. Não posso botar isso na minha biografia. Estou com a consciência em paz.
Tem deputado chamando o senhor de traidor. Foi traição?
Eles são responsáveis pelos votos deles, o Cunha é responsável pela vida dele, e eu, pelas minhas prerrogativas parlamentares. Assim como Tia Eron falou das negas, eu digo: quem manda nesse caboclo do Pará sou eu. No meu voto mando eu. Não tem traição, nunca tive relação política com Cunha. Não é justo me chamarem de traidor.
O senhor vai votar no plenário a favor da cassação de Cunha?
Não tem como não votar a favor, se chegar no plenário. A não ser que, num milagre extremo, o (procurador-geral da República, Rodrigo) Janot retirasse a denúncia e a PGR dissesse que todos os indícios eram falsos. Fora isso, voto a favor.
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