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Afinal, quem pagou o “pato” da campanha eleitoral de Skaf, da Fiesp? Houve propina da Odebrecht?
Se se confirmarem as delações premiadas da Odebrecht, Skaf (na campanha eleitoral de 2014) levou dessa empresa R$ 10 milhões, sob a forma de caixa dois (R$ 6 milhões a pedido de Temer e R$ 4 milhões em favor do seu marqueteiro Duda Mendonça, que estaria da iminência de fazer delação – ver Folha, 3/11/16).
É muito chocante, para todos que construímos nossa vida acreditando no valor da meritocracia (no meu caso, fiz três concursos após minha formação superior e passei em todos eles: delegado, promotor de justiça e juiz de direito), ver como grande parte das elites dominantes crescem “furando a fila” da ética, para ocupar espaços e conquistar riquezas pela porta dos fundos.
Todos nós contribuintes, como se vê, podemos ter pago a conta do “pato” da disputa eleitoral de Skaf, que em 2015 lançou a campanha da Fiesp (que preside) “Não vou pagar o pato”. O foco era protestar contra o aumento de impostos e contra a volta da CPMF.
Pagar o pato é uma expressão muito popular na nossa língua. Significa arcar com as consequências de um determinado ato provocado por outra pessoa. Quando nos jogam a responsabilidade de suportar aquilo que não devemos, “pagamos o pato”.
Os patos amarelos da Fiesp fizeram tanto sucesso em todo país, que a campanha acabou apoiando não só o impeachment de Dilma como a ascensão de Temer ao poder.
Muitos brasileiros, que não queriam pagar o “pato” da gestão petista (marcadamente corrupta), podem ter pago o “pato” de muitas campanhas eleitorais (de Skaf, Serra, Dilma, Lula, Aécio,Temer e praticamente a totalidade das elites políticas governantes).
Se considerarmos que quase todas essas campanhas foram pagas com propinas obtidas por meio de contratos estatais, todos nós pagamos esse “pato”.
A corrupção que se censura nos outros pode constituir a base da vida pública de praticamente todos os velhos partidos. Também o presidente da Fiesp terá sido beneficiado com a roubalheira que ele denunciou?
Dilma tinha que ser apeada do poder (quem tem menos de 10% de apoio popular, não pode mesmo ser nem sequer síndico de prédio). Mas as lideranças que se apropriaram da Nova República (1985-2016) são muito parecidas (independentemente do partido e da ideologia). Daí a necessidade de uma limpeza geral (abrindo-se espaço para novas lideranças).
A todos nós cabe reverenciar a terra onde nascemos. Mas isso temos que fazer não só por ser a nossa terra. Mais que isso: temos que criar as condições necessárias para nos orgulharmos da sociedade em que vivemos.
A natureza foi pródiga com o Brasil, todos sabemos, mas isso não pode ser nosso único fator de vanglória. Muito mais temos que fazer para nos orgulhar do país que habitamos, e que é palco do teatro da nossa vida de trabalho, de estudos e de relações familiares e comunitárias.
Começar abolindo da vida pública os demagogos que pregam uma coisa e fazem outra é um excelente princípio.
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