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Ex-presidente do Peru Alan García presta depoimento sobre caso Odebrecht
O ex-presidente peruano Alan García prestou depoimento nesta quinta-feira (16) à promotoria do país como testemunha de um dos supostos casos de corrupção que envolvem a empreiteira Odebrecht “sem temor” de ser implicado e como contraponto do ex-presidente fugitivo Alejandro Toledo, alvo de um mandado de busca e captura por ter recebido propinas da empresa.
O depoimento do ex-mandatário foi acompanhado com muita atenção pela imprensa local, para a qual García insistiu que não tem medo de se envolver no escândalo e disse que não pode mais estar disposto a qualquer convocação legal ou parlamentar.
Apesar das diversas demonstrações de “não querer dar lições a ninguém” com esse depoimento, a atitude apresentada e as duras mensagens contra a corrupção estavam, segundo a agência Efe, diretamente dirigidas à situação de Toledo, foragido da justiça peruana desde que na semana passada um juiz ordenou sua captura por supostamente ter recebido dinheiro de Odebrecht para facilitar seus negócios no país.
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No Peru, Ministério Público pediu a prisão preventiva do ex-presidente Alejandro Toledo (Foto: Karel Navarro/AP)
Toledo, que presumivelmente está nos Estados Unidos, supostamente recebeu US$ 20 milhões para conceder à empresa a construção da estrada Interoceânica, um dos maiores projetos de infraestrutura do país.
“(Com o depoimento) cumpro assim meu dever como ex-presidente e cidadão perante qualquer tema e convocação legal às quais sempre atenderei para que todo corrupto seja punido. Alheio a subornos e propinas, acredito que a única riqueza para um político é a honra de servir ao povo e representar a nação”, afirmou García em comunicado lido à imprensa.
A promotoria anticorrupção convocou o ex-mandatário para depor sobre as supostas irregularidades na licitação da construção do Gasoduto Sul Peruano a respeito da ex-primeira-dama Nadine Heredia, esposa do ex-presidente Ollanta Humala.
García insistiu que esse foi um projeto aprovado fora de seu mandato e que foi modificado em relação ao plano original para ser superfaturado e favorecer as empresas operadoras a um alto custo para o Estado.
“Devem ser investigadas as circunstâncias pelas quais se mudaram os termos do contrato, taxando o povo peruano”, declarou García.
García esteve fora do Peru nos últimos meses, após as delações da Odebrecht de ter pago propinas de US$ 29 milhões no Peru entre 2005 e 2014. Este período compreende os governos de Toledo, García e Humala.
Escândalo da Odebrecht
Em acordo de leniência firmado com o Departamento de Justiça dos EUA, derivado das investigações da Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e 2016 a funcionários do governo, representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países. Para o órgão dos EUA, é o “maior caso de suborno internacional na história”.
A construtora brasileira pagou propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela, segundo o acordo.
No Peru, a empreiteira admitiu à Justiça americana ter pagado US$ 29 milhões em subornos a funcionários peruanos entre 2005 e 2014 – período que compreende os governos de Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).
No período, a construtora participou de mais de 40 projetos no país, que envolveram cerca de US$ 12 bilhões em gastos públicos. Os peruanos compõem a segundo maior grupo de trabalhadores da empresa, atrás apenas dos brasileiros – dos 128 mil funcionários do grupo, cerca de 10 mil são peruanos.
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