Política

Renan Calheiros usa a tribuna do Plenário do Senado para lamentar a morte do jornalista Aldo Ivo

08/03/2017
Renan Calheiros usa a tribuna do Plenário do Senado para lamentar a morte do jornalista Aldo Ivo
Renan Calheiros lembrou a trajetória do jornalista Aldo Ivo, na Tribuna do Senado (Foto: Jornal NH)

Renan Calheiros lembrou a trajetória do jornalista Aldo Ivo, na Tribuna do Senado (Foto: Jornal NH)

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, usou a tribuna da Casa, na tarde desta quarta-feira, 08, para lamentar a morte do jornalista José Aldo Ivo, ocorrida na última segunda-feira. Ele completaria 87 anos no dia 27 deste mês. “Na sua longa jornada de vida, Aldo Ivo se tornou uma figura simbólica no jornalismo alagoano. Trabalhou praticamente até o fim, mesmo tendo sobrevivido aos dois primeiros AVCs, dos três que sofreu”.

Renan lembrou que Aldo Ivo fez de tudo nas redações em que trabalhou, ao longo de 68 anos ininterruptos de jornalismo. “Principalmente, fez amigos na vida profissional e pessoal. Era fácil gostar dele. Bonachão, risonho e bem-humorado, amigo da boa conversa, era um curioso de tudo. Como todo veterano jornalista, apreciava a vida boêmia e só reduziu a peregrinação nas noitadas de Maceió quando o peso da idade o obrigou a isso. Mas sentia saudades e gostava de recordar casos, coisas e pessoas. Tinha uma memória impressionante, e a idade só foi apurando esse dom cada vez mais”.

Filho de dona Eurídice Plácido de Araújo Ivo e de Floriano Ivo da Silva, Aldo Ivo era irmão do grande poeta alagoano, imortal da Academia Brasileira de Letras, jornalista, escritor e ensaísta, Lêdo Ivo, e do também jornalista e escritor Floriano Ivo Júnior, além de mais três irmãos e três irmãs. Foi pai de cinco filhos, que lhe deram dez netos e cinco bisnetos.

Começou cedo na profissão que foi seu ofício de toda a vida. Antes de completar 17 anos, em 1948, já atuava como “foca” no velho Jornal de Alagoas, matutino dos Diários Associados de Assis Chateaubriand. E começou no jornalismo onde mais gostava, a cobertura esportiva.

Depois entrou para o quadro de profissionais e trabalhou durante 44 anos seguidos no mesmo Jornal de Alagoas, na Rua Boavista, no Centro de Maceió. Só saiu de lá quando o jornal fechou as portas. Estava aposentado desde 1990, mas continuou trabalhando.

Foi contemporâneo e companheiro de redação de alguns dos maiores jornalistas de Alagoas, como Zadir Cassela, Zito Cabral, Carivaldo Brandão, Arlene Miranda, Tobias Granja, Dênis Agra, os irmãos Rubens, Arnaldo e Arnoldo Jambo, Teófilo Lins e tantos outros, nas gerações que se seguiram.

Ainda segundo Renan, sempre gostou de andar de ônibus e de caminhar a pé pelas ruas da cidade. Era o seu modo de conhecer melhor as pessoas e as coisas de Maceió, para escrever suas histórias. “Aldo Ivo era um apaixonado pelo futebol. E mais apaixonado ainda pelo nosso querido Botafogo de Futebol e Regatas. Todos sempre diziam que, no peito dele,  batiam dois corações: um, vermelho, de carne e sangue como o de todos os mortais; e o seu outro coração era a Estrela Solitária”, este era imortal. “Gostava de sair de casa vestindo a camisa alvinegra, principalmente nos finais de semana em que o Botafogo iria jogar. Na redação do antigo Jornal de Alagoas, todos sabiam o local em que Aldo Ivo Trabalhava: ao lado da velha máquina de escrever, ficava sua caneca branca e preta com o escudo do time querido”, recordou o senador. “Sempre considerei Aldo Ivo um parceiro fiel de arquibancada, mesmo que não estivéssemos juntos assistindo jogos do Botafogo por aí afora. Tive o privilégio de com ele dividir alegrias e tristezas, nas vitórias e derrotas do glorioso Alvinegro”.

Renan Calheiros destacou, ainda, a importância e a grande contribuição de Aldo Ivo para o jornalismo de Alagoas. “Como um dos fundadores e presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas nos duros anos da ditadura, Aldo Ivo lutou incansavelmente pela implantação do curso de Jornalismo na Universidade Federal de Alagoas. Eu era estudante de Direito na Ufal, tinha a responsabilidade de liderar as mobilizações como presidente do nosso Diretório Acadêmico, e sou testemunha dessa luta do Sindicato dos Jornalistas. Ela só logrou a vitória, no final dos anos 70, na última gestão de Aldo Ivo na presidência do sindicato, antes de entregar o bastão ao saudoso João Vicente Freitas Neto”.

Aldo Ivo foi também presidente da tradicional Associação dos Cronistas Desportivos de Alagoas. Atuou também, dentro do jornalismo, na promoção turística de Alagoas. Chegou a ser presidente da seção alagoana da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, a Abrajet. Por tudo isso, Senhor Presidente, senhoras e senhores senadores, estou seguro de que traduzo o sentimento de Alagoas, para dizer ao País da nossa tristeza pela perda de José Aldo Ivo. Nossa solidariedade à família do grande jornalista e amigo querido, e a certeza de que seu exemplo, profissional e humano, será sempre lembrado e honrado na nossa terra”, concluiu, emocionado.