Política
Em pronunciamento, Temer diz que não renuncia à Presidência da República
Em pronunciamento em cadeia nacional, em rádio e TV, no Palácio do Planalto, na tarde desta quinta-feira, 18, o presidente Michel Temer (PMDB/RJ) disse que não irá renunciar à Presidência da República. As especulações, principalmente junto à mídia, davam conta de que Temer iria ler uma carta-renúncia na noite desta quinta, devido à péssima repercussão e impacto das delações, não apenas no Brasil, mas também no exterior. O jornalista Ricardo Noblat chegou a afirmar que a carta renúncia estava sendo redigida por assessores, no Planalto, para ser lida mais tarde. Mas o presidente ainda tentará permanecer no cargo, apesar do atraso que irá causar nas principais ações do governo e, principalmente, nas reformas previstas, principalmente a da Previdência, que serão, no mínimo, adiadas para o segundo semestre.
Na noite da última quarta-feira, 17, Temer foi denunciado pelos donos da empresa JBS, Joesley Batista e o seu irmão Wesley Batista, que disseram ter gravado uma conversa, onde o presidente teria dado aval à propina para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba. As informações foram reveladas na coluna do jornalista Lauro Jardim, publicada pelo jornal O Globo e postada no site naquele dia.
A gravação, feita por Joesley em março com um gravador guardado no bolso do paletó, foi citada na declaração que os controladores da JBS deram à Procuradoria-Geral da República, no mês de abril, durante o processo para firmar acordo de delação premiada.
Na conversa, Temer teria indicado a Joesley o deputado Rocha Loures (PMDB-PR) – homem de sua confiança – como o interlocutor para resolver um assunto da J&F, controladora da JBS. No diálogo, o presidente recebe do empresário a informação de que ele estava pagando uma mesada a Cunha e ao operador Lúcio Funaro, ambos presos, para ficarem calados. Temer então teria dito:
“Tem que manter isso, viu?”
O dinheiro de Cunha seria entregue por meio de Altair Alves Pinto. Desde que está preso, o parlamentar teria recebido R$ 5 milhões, segundo Joesley. Uma gravação feita posteriormente teria flagrado Rocha Loures recebendo uma mala com R$ 500 mil de Joesley.
Ainda de acordo com o jornal, na quarta-feira, 10, os irmãos foram ao gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), e confirmaram as declarações à PGR. Cabe a Fachin homologar a delação de Joesley Batista e do seu irmão, Wesley Batista.
No depoimento para tentar fechar a delação, Joesley teria afirmado também que, com o PT, o contato para a propina seria o ex-ministro Guido Mantega.
Os depoimentos dos donos da JBS foram tratados com todo o cuidado pela PGR. Durante todo o processo, os irmãos chegaram por uma entrada secundária em carros particulares.
Ainda na quarta-feira, o presidente Michel Temer, em nota, confirmou ter-se encontrado com Joesley Batista, mas negou ter dado aval à propina.
A operação de compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e a indicação de um assessor para ajudar a JBS e que, em troca, recebeu propina do empresário, foram fatos que implicaram diretamente o presidente em atos de corrupção e de obstrução da Lava Jato.
Até quinta-feira, 18, três pedidos de impeachment haviam sido protocolados na Câmara dos Deputados.
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