Política

Temer enfrentou protestos em reunião com governo da Noruega

24/06/2017
Temer enfrentou protestos em reunião com governo da Noruega
Várias organizações norueguesas protestaram em frente a casa da primeira ministra em apoio à conservação da floresta amazônica e indígenas

Várias organizações norueguesas protestaram em frente a casa da primeira ministra em apoio à conservação da floresta amazônica e indígenas

O presidente Michel Temer foi recebido sob protestos de ambientalistas ao se reunir com a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, nesta sexta-feira. O grupo se posicionou em frente a sede do governo da Noruega e protestou contra a destruição da floresta tropical e dos direitos indígenas no Brasil. As organizações alegam que durante seu mandato, o desmatamento da maior floresta tropical do mundo aumentou aproximadamente 30%. Ontem (quinta-feira, 22), o país já havia anunciado que cortaria o envio de dinheiro para o combate ao desmatamento no Brasil.

A redução do dinheiro foi anunciada por Oslo, depois que o governo informou ao Brasil de que a taxa de desmatamento tem aumentado. Pelo acordo de 2008, o dinheiro liberado de mais de US$ 1,1 bilhão é reduzido sempre que isso ocorrer. Em dois anos, o Brasil já terá perdido R$ 196 milhões.

Nesta sexta-feira, dia 23 de junho, várias organizações norueguesas que trabalham em defesa do meio ambiente e dos direitos humanos estiveram em frente a casa da primeira ministra norueguesa, fazendo protestos. O presidente brasileiro foi recebido aos gritos de “fora Temer”. Para o grupo, a direção política que Temer está seguindo é um desastre, não somente para a floresta tropical como também para os povos indígenas do país e para os defensores dos direitos humanos.

Sônia Guajajara, uma das lideranças indígenas mais reconhecidas no Brasil, ressaltou que o presidente representa uma ameaça direta aos povos indígenas no Brasil. Guajajara pede que a sociedade internacional, e a Noruega em especial, exerçam pressão política para influenciar o Brasil a acabar com a perseguição de ativistas e a destruição da floresta. “Temer não cumpre com suas obrigações e não respeita os direitos constitucionais. Os seus ataques aos direitos dos povos indígenas e ao meio ambiente são de uma magnitude nunca antes vista”, disse.

Democracia em falência

As organizações também ressaltam que a CPI do INCRA e da FUNAI foi concluída recentemente e acabou sugerindo a criminalização de defensores de direitos e lideranças indígenas.

“O governo do Temer está promovendo mudanças políticas que causarão aumento da pobreza e um aumento ainda maior da diferença entre pobres e ricos. Uma das decisões políticas mais drásticas tem sido manter o teto dos gastos nas áreas de saúde, educação e serviços sociais no nível de 2016 para os próximos 20 anos. Ao mesmo tempo, as instituições democráticas do país estão sendo enfraquecidas e os nossos parceiros estão bastante preocupados com a perseguição da sociedade civil”, disse o coordenador da organização não-governamental Ajuda da Igreja Norueguesa, Arne Dale.

O desmatamento tem que diminuir

“A Noruega tem que exigir que o Brasil cumpra com os seus deveres conforme acordos internacionais e nacionais. Quando a primeira ministra se reunir com o presidente Temer nesta sexta, é necessário que ela alerte, claramente, que a Noruega se verá obrigada a reduzir o seu apoio ao Fundo Amazônia de forma significativa, caso os ataques contra a floresta e seus povos continuem”, disse o Lars Løvold, diretor da Rainforest Foundation Noruega.

As ONGs organizadoras do protesto pediram às autoridades norueguesas firmeza no diálogo com Temer, e pressão para que ele providencie proteção para os povos indígenas e suas lideranças, assim como o cumprimento das obrigações internacionais para redução do desmatamento e das emissões do Brasil.

Durante o encontro desta sexta-feira (23), a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, não poupou críticas à corrupção no Brasil em uma coletiva de imprensa ao lado de Temer. “Estamos preocupados com a Lava Jato e é preciso fazer uma limpeza e encontrar uma solução”, disse a chefe-do-governo norueguês, que também apontou que o Brasil vive um período “desafiador” e “turbulento”.

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